Gênesis, a nova mostra fotográfica de Salgado, chegou ao
Rio no final de maio, focando justamente naquilo que ainda há de belo e de
intocado no planeta, com 245 imagens capturadas em oito anos de viagens aos
recantos mais selvagens do planeta.
A exposição ficará até amanhã, dia 26 de
agosto, no Museu do Meio Ambiente do Jardim Botânico e depois vai para São
Paulo, onde abre, no Sesc Belenzinho, no dia 4 de setembro.
Ao longo destes meses, por diversas vezes tentamos um
contato mais próximo com a obra de Salgado, ou seja, compartilhar com ela os
ecos distantes de seu mergulho no Ignoto, através de uma caminhada solitária,
pelas pequenas salas do agradável Museu. Impossível ambição! A mostra estava
sempre muito cheia e o vidro das molduras refletia as outras fotografias da
sala. Durante a semana, grupos grandes
de estudantes, não obstante as valorosas tentativas do guia sempre presente,
preferiam, com frequência, gritar e tirar fotos uns dos outros, do que apreciar
realmente a exposição.
À direita, acima, exemplo do 'confinamento' das fotos nas paredes do Museu.
e à esquerda, sua legenda, a ela contraditória...
A Saída para os espíritos mais exigentes foram os grandes
painéis que reproduziam algumas destas fotos, expostas no Parque. Se, no fim de
semana, o burburinho em torno deles era mais o da diversão do que o da contemplação que as obras de arte fotográficas bem
mereciam, nos dias úteis, em especial de manhã cedo ou à tardinha, a comunhão merecida entre espectador e arte podia ser alcançada...
A quem interessar possa... A exposição no Museu termina
hoje, mas amanhã, segunda-feira (quando os Museus não abrem...) , a do Parque ainda continua...
Acerca da Mostra:
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Planalto do tepui Kukenan, na Venezuela. Este tepui cobre uma área
de 20,6 kms quadrados, a 2.680m ms. acima do mar. Atrás dele,
o tepui Roraime eleva-se a 2. 723 ms. |
A jornada para a composição de Gênesis, que foi
inaugurada no Museu de História Natural de Londres em abril, começou em 2004 e
durou até 2012. Salgado realizou 30 viagens utilizando aviões de pequeno porte,
helicópteros, barcos e canoas para atingir os pontos mais remotos do planeta.
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Manada de búfalos, Zâmbia, 2010
(foto tirada de balão, para não perturbar os animais) |
Consagrado pelas exposições Trabalhadores (1986-1992) e Êxodos 1994-1999), Salgado mantém na nova mostra sua característica mais marcante. As
imagens são congeladas em preto e branco, aguçando as texturas e os contrastes
em cenas impressionantes.
O objetivo do fotojornalista é invocar a percepção de que ainda há muito a ser salvo em um planeta que insiste em preservar paisagens e vidas exuberantes apesar de toda a degradação proporcionada pela ação humana.
Com curadoria de Lélia Wanick Salgado, Gênesis é
organizada em cinco seções, priorizando os diferentes ecossistemas visitados
pelo fotógrafo.
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Não obstante o bom-gosto da disposição, o espaço do Museu era pequeno para a dimensão da mostra |
Em Planeta
Sul, Salgado mostra as paisagens da Antártica, englobando a Península
Valdés, as Ilhas Malvinas, o arquipélago Diego Ramirez e as Ilhas Sandwich. O
mundo gelado da parte meridional da Terra serve de habitat para pinguins, leões
marinhos, baleias, albatrozes, pétreis-gigantes e cormorões.
A sessão Santuários se concentra na singularidade de
lugares como as Ilhas Galápagos, Nova Guiné, Sumatra e Madagascar. Paisagens
vulcânicas, populações anciãs e a peculiaridade da fauna intocada dão o tom da
amostra.
Em África,
Salgado captura a vida selvagem do continente em países como Botswana,
Ruanda, Congo e Uganda. Tribos da Etiópia e do Deserto Kalahari também são
destacadas. Nessa seção, também são enfatizados os desertos da Líbia e da
Nigéria.
O extremo norte da América e da Rússia aparecem na seção Terras do Norte. Além
dos ursos polares, se destacam os registros da tribo Nenet, no norte da
Sibéria, que resiste às mais baixas temperaturas do planeta.
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Onça pintada no Mato Grosso |
A diversidade biológica dos trópicos aparecem na seção Amazônia e Pantanal.
Além da flora e da fauna exuberantes, Salgado registra tribos isoladas, do
Pantanal à região do Rio Xingu.
À direita, os zo'es, que são entre 250 e 275 vivem em cerca de dez pequenas aldeias, conectadas por numerosas trilhas que permitem livre acesso entre as comunidades.
Pará, Brasil, 2009.
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Bacia do Xingu com índios Waurá pescando
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Gênesis, de Sebastião Salgado :
Data: de 29 de maio a 26 de agosto (das terças-feiras aos
domingos)
Horário: das 9h às 17h.
Local: Museu do Meio Ambiente do Jardim Botânico (Rua Jardim
Botânico, 1008)
Nota:
O livro de fotografias referente à exposição está a R$
150,00, no local. Também agendas e canecas disponíveis, pequenas lembranças de
bom gosto.