domingo, 22 de setembro de 2013

O MAR em remanso de calmaria

Como associar a dinâmica vibração do Museu de Arte do Rio –  o MAR –  com a impressão repousante de vagar ao abrigo e ao sabor de ondas amigas que experimentamos ao visitá-lo? 


Recomenda-se vivamente fazê-lo em dia útil, quando o trânsito por seus fluidos espaços se faz mais livre. Ao longo do tempo todo do percurso, confirma-se o que o seu site nos promete: “O intuito do MAR é ser um ambiente acessível no sentido pleno da palavra. Por um destes planejamentos felizes que levam em conta a sutileza dos detalhes com o qual colaboram acasos imponderáveis, sentimo-nos logo à vontade, bem vindos e confortáveis nesta nova casa da cultura da nossa cidade.

Revendo a informação a seu respeito:



O Museu de Arte do Rio – o MAR – irrompeu com razoável alarido na cena cultural carioca, a partir de sua inauguração em março de 2013, inclusive em função de seu projeto arquitetônico impactante.   Está instalado na Praça Mauá, em dois prédios de perfis heterogêneos e interligados: o Palacete Dom João VI, tombado e eclético, e o edifício vizinho, de estilo modernista – originalmente um terminal rodoviário. Os dois prédios que formam a instituição são unidos por meio de uma praça, uma passarela e cobertura fluida, em forma de onda – o traço mais marcante da caligrafia dos arquitetos (Bernardes & Jacobsen) – transformando-os em um conjunto harmônico.O Palacete abriga as salas de exposição do museu. O prédio vizinho abriga a Escola do Olhar, que é um ambiente para produção e provocação de experiências, coletivas e pessoais, com foco principal na formação de educadores da rede pública de ensino.


O acervo e programação do MAR têm em vista promover uma leitura transversal da história da cidade, seu tecido social, sua vida simbólica, conflitos, contradições, desafios e expectativas sociais. Suas exposições unem dimensões históricas e contemporâneas da arte por meio de mostras de longa e curta duração, de âmbito nacional e internacional. O museu surge também com a missão de inscrever a arte no ensino público, por meio da Escola do Olhar. Esta Escola desenvolve um programa acadêmico, construído em colaboração com universidades, para discutir arte, cultura da imagem, educação e práticas curatoriais.  

Sobe-se diretamente, de elevador, ao amplo terraço, onde, sob o abrigo das famosas ondas, a vista para o Cais do porto constitui uma alternância de modernas e antigas edificações, num registro preciso da história da cidade.

O novo marco da renovação da zona portuária, os guindastes do progresso, o elevado quase extinto... 
 Note-se um cantinho reservado à leitura, próximo aos elevadores, com obras de interesse para consulta e um vídeo a elas complementar.

Haverá prova maior da vitalidade de um museu do que o nosso desejo de voltar de novo
 só para se deter na fruição do fragmento de cultura oferecido? 

Atravessa-se de um prédio para o outro por uma passarela...

E começamos nosso trajeto de cima para baixo...

No andar mais alto, uma exposição permanente, que vai sendo atualizada periodicamente.  

imagináRio







De 06/08/2013 a 31/03/2014
Desdobramento da exposição Rio de Imagens: uma paisagem em construção, imagináRio pretende ampliar a discussão em torno da construção social da paisagem carioca.
Localizada no andar concebido como espaço permanente para exposições dedicadas ao Rio de Janeiro, imagináRio agrega trabalhos que apontam para uma contínua reflexão. É o caso do legado dos grupos étnicos que contribuíram para a formação do tecido social que povoou e deu diferentes contornos à paisagem do Rio de Janeiro. Imaginar o lugar de permanência foi o que fizeram os colonizadores europeus e os escravos que aqui chegaram de outras terras há talvez mais de 450 anos. Que imagens traziam em sua bagagem? Que imagens da cidade ajudaram a produzir? O que dessa construção se manteve, o que se ressignificou e o que se quis esquecer para dar lugar a outras representações? A mostra recorre a esse trânsito de imagens para narrar uma história simbólica da cidade, entre as infinitas possíveis.

Maletinhas dispostas ao longo das salas exibem vídeos sobre o Rio
(ao centro no alto e à esquerda abaixo) e uma Acervo de Bric-à-Brac
(à direita no alto) reproduz o respeito às 'curiosidades antigas'
que constituem relevante parcela da alma e da história de uma cidade

 Após se admirar teto e elevador antigos (acima e ao lado)
descem-se as escadas - onde um brasão de época ganha relevo sobre a sóbria parede branca.

 E adentramos uma exposição digna da vocação dupla de apreciação e ensino da Casa  

Dado o crônico atraso deste blog em registrar suas experiências, àqueles que ainda nos acessarem hoje recomendamos ‘largar tudo’ e pegar o último dia desta mostra extraordinária!

O CO-LE-CI-O-NA-DOR: arte brasileira e internacional na Coleção Boghici  

De 01/03/2013 a 22/09/2013

Não podendo fotografar, reproduzimos a disposição
arredondada das obras nas duas salas, propícia a
um caminhar reflexivo e lúdico 


A exposição O COLECIONADOR reúne oito movimentos artísticos de uma só vez: o modernismo, o surrealismo, a pintura primitiva, a abstração informal, a abstração construtiva, a nova figuração, a pintura russa, a pintura chinesa. É uma oportunidade rara de ver, num só lugar, a arte do século 20 desfilar diante de seus olhos.
Jean Boghici fundou a Relevo, uma das primeiras galerias de arte do Rio,  em 1961. A partir daí, ele tornou-se também colecionador. Só que diferente dos demais: ele coleciona para si e para os outros, ajudando a formar as principais coleções do país e trazendo artistas e tendências internacionais para o Brasil.


O COLECIONADOR começa com obras-ícones do século 20 que permearam  a Semana de Arte Moderna de 1922 e que, a partir daí, formaram o gosto artístico de cada década. São cerca de 150 obras de uma centena de artistas: os internacionais Fontana, Calder, Max Bill, Morandi, Kandinsky... e ainda o melhor de  Di Cavalcanti, Tarsila, Rego Monteiro, Guignard, Maria Martins.
O projeto cenográfico é de Daniela Thomas e Felipe Tassara. Os textos sobre arte são de Luciano Migliaccio, professor de História da Arte na USP e Unicamp, e a biografia de Jean Boghici é de autoria da jornalista Cristina Chacel. A programação visual é de Jair de Souza.



Continuando o passeio, 
desce-se outra escadaria, 
ornada com brasão antigo, 
rumo à outra mostra



VONTADE CONSTRUTIVA na Coleção Fadel

De 01/03/2013 a 20/10/2013

Vontade Construtiva na Coleção Fadel dá continuidade à participação da família Fadel no debate cultural brasileiro, oferecendo ao público a experiência de sua coleção.





A exposição apresenta caminhos do ideário construtivo configurados no Brasil, por pesquisas individuais e movimentos coletivos, desde as primeiras aproximações das vanguardas artísticas europeias nas décadas iniciais do século XX, quando a geometria era usada como indício da razão humana e modo de ordenação da realidade. 
Conta, também com um belo acervo de peças antigas 



Estende-se  até os desdobramentos artísticos entre os anos 1960 e 1980, quando o experimentalismo incorporou a questão sociopolítica, o conceitualismo e a revisão do modernismo. Um instante especial nesse processo aconteceu após a Segunda Guerra Mundial, com a adoção do abstracionismo geométrico como linguagem artística universal. 


Outro momento crucial foi constituído pelas diferentes práticas do concretismo na década de 1950, pautadas no caráter não representativo da arte, na matemática e na lógica industrial, pretendendo rever os parâmetros artísticos e redesenhar o ambiente social, que produziram obras e debates que culminaram na dissidência neoconcreta. Em paralelo, são destacadas pesquisas individuais que interpretaram livremente o construtivismo, em diálogo com outras vertentes artísticas e tradições culturais.




A arquitetura é parceira constante da interlocução das épocas;
observe-se a coluna clássica em contraponto à sua irmão modernista
Políticas de visitação:

. O Pavilhão de Exposições (Edifício Dom João VI) e a Escola do Olhar estão adaptados à visita de cadeirantes, pessoas com baixa mobilidade, deficientes visuais e baixa visão. Ainda dispomos, no quinto andar da Escola do Olhar, de uma maquete tátil do museu e seu entorno.



Um detalhe expressivo do alcance democrático do Museu 
 Dê preferência ao transporte público. De todas as regiões da cidade, existem 50 linhas de ônibus que passam pelo MAR. Evite ir de carro.
Incentivamos o uso de transportes alternativos para a vinda ao MAR, e para isso o Museu está equipado com bicicletário. Por sua vez, skates e patins podem ser armazenados nos guarda-volumes.
É permitido visitar as exposições com itens cujo tamanho não exceda 35 centímetros. 
O uso de rádios de comunicação e de celulares é permitido apenas nos halls de cada andar e nas áreas externas do Museu. A utilização desses aparelhos em modo silencioso também é vedada, para garantir a contemplação das obras e a boa convivência no espaço expositivo.


Aos famintos informamos ter sido inaugurado,
recentemente, no terraço do Museu, 
o restaurante Mauá: ainda sem maiores
referências quanto á sua comida, tem a vantagem
 prévia de um ‘grande visual’! 

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