Flagras cariocas: regando árvores

O verão retarda sua partida este ano. As abundantes chuvas de março hesitam em tombar sobre a cidade, apenas respingam eventuais tímidas pancadas. Incapazes de dispersar de vez as sucessivas vagas de calor que assolam o Rio,  cujo azul do céu persiste envolto em mortalha esbranquiçada. A vida vegetal sofre, mas resiste, adaptada por sua própria natureza aos rigores tropicais.

Por isto, a senhora que, em uma esquina de Copacabana, enche baldes de água,  em pacientes e repetidas viagens entre a caixa d'água de seu prédio e um canteiro de rua, nos chama a atenção pelo inusitado de seu gesto.

Sua intenção carinhosa logo se revela, quando, munida de um regador verde, ela refresca a grande árvore ali em cativeiro  e as plantinhas menores que a rodeiam, consolam e adornam.

Caridade transposta para uma dimensão ecológica, lembrando que não só sobreviver é necessário -  o que as raízes da árvore lhe garantem, em tempos de escassez - mas Viver de forma mais plena é ainda mais preciso. E sabe-se lá, o que, no reino mágico das intenções generosas partilhadas, esta árvore citadina recebe do gesto desta mão humana, para melhor suportar a sua desterrada sina...

Grafites e alfabetização

Com o fim do Carnaval, começa o ano de verdade na Cidade Maravilhosa.
Numa esquina do Jardim Botânico, paredes cobertas de grafites, aparente pura diversão,
Sugerem uma brincadeira entre as férias e a volta à escola, tipo transgressão !

Pode-se creditar aos motivos desenhados uma educativa intenção: a alfabetização 

 Comecemos com a letra 'a'

  logo associada ao grafiteiro que a desenhou 

 e ao sentimento mais nobre, mesmo que em sua versão gulosa 

e agora, prezado aluno, escolha sua própria palavra 

se estiver difícil , aí vai um exemplo com a letra 'b'. 

Será que com o 'n' funciona melhor a imaginação?

Não há 'errado' no mundo dos grafites, fica sossegado 

Até que acabe o recreio e seja hora de voltar para a classe !

Feliz início de ano útil, amigos cariocas da montanha! 

O Horóscopo dos Cariocas da Montanha: Peixes

 Sempre atrasada como legítima sereia

O misto peixe-mulher emerge na areia

E canta e encanta enquanto os cabelos penteia...

A sereia do Campo de Santana 

Fim de estação

O calor vibra qual aura, no contorno das plantas 

No regato seco, só a flor permanece viva

Outras flores, caídas, se tornam mosaicos no chão 

Ou enfeitam a borda do poço de tronco 

As quaresmeiras começam a brotar, timidamente,

Enquanto a natureza, em suspenso, aguarda a chuva

Pulando o Carnaval

Para aqueles que assim o escolherem...

... o melhor dos descansos!