domingo, 26 de outubro de 2014

Um voto faz a diferença

Almas poéticas estranham as possibilidades de passagem de sentido entre o individual e o coletivo. "Não faz diferença um só voto, Não vai alterar o resultado" estes espíritos evasivos meditam... O 'se todos pensassem assim..." como argumento não é percebido como significativo por estas mentes pouco matemáticas e estranhamente realistas quanto ao fosso existente entre a pessoa e o grupo, o privado e o público, em nossa sociedade dita democrática.

É por outra via que comparecemos às urnas, alguns de nós. Por um sentimento vago de participação, uma ilusão de si mesma consciente de que temos algo a dizer frente às maquinações políticas e econômicas que tão pouco nos concedem em termos de uma verdadeira escolha.

Só o voto nos resta , última, ínfima e preciosa aceitação do nosso desejo numa esfera movida por outros interesses. Valorizemo-lo, pois.





quinta-feira, 23 de outubro de 2014

A família Capivara da Lagoa

Os Cariocas ficaram chocados ante a notícia de que um Egresso dos Infernos machucara  ( suspeita-se que com objetivos canibalescos!)  um dos membros - justo a recém-mamãe de três belos filhotinhos -   das famílias Capivara residentes da Lagoa.


Prontamente reportado o Crime Hediondo e providenciado o curativo da Criaturinha, que já está fora de perigo, a família reunida - sob a proteção de Santa Margarida, que reside na Igreja próxima - é motivo de contemplação vigilante e carinhosa para os usuais transeuntes da área e para visitantes compassivos . Muito bom ver a família Capivara unida e feliz de novo!


domingo, 19 de outubro de 2014

Dia de debates dos presidenciáveis na TV


Hoje, acompanhando o momento eletrizante das eleições para Presidente do Brasil, os cariocas se programam para adentrarem a noite, acompanhando o (creio que último) debate dos candidatos pela  TV Record.  Amizades estremecem (mas não se rompem) enquanto de forma mais ou menos discreta, são declaradas as preferências de cada um nas conversas informais ou nas redes da Midia.  



Neste domingo, 19/10, às 22h15, a TV Record realizará um debate entre os candidatos à Presidência, Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), com mediação dos jornalistas Adriana Araújo e Celso Freitas.

O debate será transmitido simultaneamente pelo portal R7.com. 

O debate terá três blocos e, portanto, dois intervalos comerciais. No primeiro bloco haverá oito rodadas de confronto direto entre os candidatos. O formato será de pergunta de livre escolha, resposta, réplica e tréplica.
O segundo bloco exibirá quatro rodadas de confronto direto. O formato será de pergunta de livre escolha, resposta, réplica e tréplica.
O terceiro bloco terá mais duas rodadas de confronto direto e os candidatos farão as considerações finais.
A ordem do início do confronto direto foi definida por sorteio com a participação dos assessores do PT e PSDB.  Dilma Rousseff inicia o primeiro, o terceiro bloco e as considerações finais.
Aécio Neves abre o segundo bloco e encerra as considerações finais.

O debate deverá ser encerrado aproximadamente à meia-noite.





Para a turma que não aguentar esperar (ou ir até o fim) , haverá reapresentação do programa, na íntegra, pela Record News, na segunda-feira (20/10), em dois horários, às 8h e às 18h.




domingo, 12 de outubro de 2014

No intervalo das eleições

Enquanto debatemos nossos candidatos prediletos, lembremos que votar é privilégio democrático e alguns casos o atestaram, na etapa recém-passada,  mais do que outros... tais quais ...

O jovem de 16 anos que se antecipou à obrigatoriedade do dever cívico 
A senhorinha de noventa anos que a estendeu além do tempo regulamentar


O cadeirante que exerceu seu direito vencendo suas limitações de locomoção físicas
E a ribeirinha amazonense que superou aquelas geográficas
E aquele que não vê com os olhos da carne , mas deseja fazê-lo com os do espírito
A todos, nossos parabéns e votos de um bom voto! 


sábado, 4 de outubro de 2014

Magia ao meio-dia

Meio-dia em dia útil, horário de almoço e a magia é escapar dos compromissos para ir ao cinema. Gosto bom de matar aula em versão transgressiva adulta.

Bem na vibe, o último filme de Woody Allen, bem feitinho e levinho...
Levinho demais para nosso gosto...
Ou se deve chamá-lo de irrelevante?

Trata a trama de um ilusionista, adepto de desmascarar falsos médiuns que, devidamente induzido ao engano por um amigo competitivo, deixa-se empulhar por uma jovem farsante, por quem, malgrado tudo (ou mesmo por isto?), acaba por se apaixonar. Bem sessão da tarde!

Em nossa memória, ainda mais no contexto de fuga vespertina do cotidiano duro, esperamos o Allen de tempos mais consistentes, da Rosa Púrpura do Cairo, onde o entrechoque de magia e realidade, termina com a constatação bela e sofrida da incompatibilidade dos dois mundos. Só assim, no seio de tal inevitável paradoxo,  a magia mantem vivo o seu poder de fecundar a realidade.


Já agora - e  há vários filmes Woody acentua uma escolha nesta direção - o negócio é diante da realidade desencantada apelar desvairadamente para impregná-la de ilusão ! Não importa que à custa da trapaça e da mentira, tudo é válido quando se trata de encobrir de purpurina o traçado singelo dos dias críticos. Ou seja...


 Ou será que só porque é uma fraude pode ser simpática?

Não se trata, em termos da análise densa a que aqui procedemos, de desvalorizar a capacidade de criar fantasia para suavizar tais contornos austeros da existência. Isto o ilusionista faz no registro de diversão que lhe é característico...






Se consciente deste registro, há uma face verdadeira que se despe de atavios ao fim dos momentos de representação.

E, para alguns de nós, o rosto despido de maquiagem, tem beleza similar àquele que, no palco, se faz projeções para  imaginações descontentes de sua condição de trafegar, por conta própria, entre os muitos mundos de que é feita a apreensão da realidade de cada um.

Assim, Woody faz a defesa da mentalidade do entretenimento,  não mais como solução provisória e fadada ao insucesso, como n"A Rosa Púrpura" , mas como resposta a ser implantada, nas escolhas da vida , de uma política íntima de alienação. 


Temas potencialmente mais sérios como as raízes tortas da afinidade amorosa, a leviandade impressa a certas traições da amizade, a natureza do encanto mágico são tornados banalidades 'simpáticas' a favor de um mergulho desesperançado no "me engana que eu gosto". Ao mesmo tempo se trivializa qualquer pretensão de contato com o desconhecido.


Estou sendo sem dúvida exigente demais com uma "comédia 'levinha' , tipo matinê de televisão, sem pretensões. Aí jaz o nó do problema!


Não se vai ver Woody Allen para uma "comédia romântica-sessão da tarde na rede Globo". Ao menos, para alguns de nós, ir conversar com um cineasta de peso em uma 'sala de espetáculos' (enfrentando trânsito e horários apertados)  é uma experiência que provocaria um diálogo íntimo que incentivasse o voltar ao batente.

E ao sair da 'Magia ao Luar" ( melhor se diria 'à luz dos Refletores' ),  não obstante as apreciações óbvias ao bem feitinho técnico da película, o que se sente é Tristeza!