quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

A poesia de Janeiro

Este ano, vamos declamar, juntos, estrofes seletas que bem representem a alma do carioca da montanha!

Em Janeiro: 


Pois é deste jeito que tiramos férias. Viajantes, sempre! Turistas, jamais! 

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Enfrentando o calorão com bom humor

A época de verão no Rio já se tornou assunto obrigatório para o senso de humor carioca - ver nossa postagem de 2 de fevereiro de 2014. Aqui vão mais algumas sugestões de como enfrentar a situação com a classe digna de um carioca da montanha.

Antes de tudo, precisamos considerar, em termos metereológicos, com o que estamos lidando...

Depois, consultar os nativos de outras plagas para saber como eles avaliam o nosso clima, levando particularmente em conta a opinião e a curiosidade dos habitantes de desertos.

Já imaginar soluções possíveis para a Grande Desgraça Anunciada: a falta de energia elétrica - donde de ar condicionado e ventiladores - devida à falta de chuvas !!!

Tentar ver o lado mais soft da dureza, quer na modalidade estética ( o suor como franja),

quer na modalidade  cafoninha fofa (bichinhos engraçadinhos em contextos típicos)
 A solução da alienação televisiva pode também oferecer conforto a alguns
 Boa sorte a todos nós, companheiros da Canícula Inclemente !!!

Assinado 







domingo, 18 de janeiro de 2015

Relatos Selvagens

No Rio de  Janeiro, o filme em cartaz “Relatos Selvagens” (Argentina / Espanha , 2014),  de Damián Szifrón (direção e roteiro), tem obtido grande sucesso, mantendo-se em cartaz por vários meses  Não só a crítica especializada tem sido unânime no seu elogio, mas também o grande público, entre ressabiado e curioso, exprime um tipo de admiração que muito nos alegra reconhecer em uma específica parcela da alma carioca. A nosso ver, não somos muito afins ao proclamado ‘humor negro’ do filme (nosso sangue português, ao invés do espanhol repele o gáudio sarcástico embora – infelizmente – acolha a farsa e o deboche em relação à tragédia da condição humana). Quase que a contragosto, o carioca culto padrão reconhece na trama e no espírito da película, algo de profundo e primal que  atrai e machuca ao mesmo tempo. As gargalhadas são poucas na plateia; o gênero não pode ser enquadrado, senão melancolicamente, na categoria comédia; a crítica especializada acerta ao definir sua qualidade ‘cômica” como um humor sofisticado e inteligente .

O filme, escrito e dirigido por Szifron,  segue formato de antologia: são seis histórias diferentes, seus enredos entrelaçados por protagonistas levados ao extremo de sua tolerância emocional, em meio a diferentes circunstâncias particularmente tensas do convívio social que lhes parecem , inesperadamente, insuportáveis. Suas ações, a partir deste ‘ponto de ruptura’, extrapolam as categorias aceitas de moral e  justiça . Sob o ponto de vista sociológico, psicológico e ético, a maior qualidade de “Relatos selvagens” é justamente mostrar como todos nós, independente de classe social e nível de educação, estaríamos, de uma forma ou de outra, sujeitos não só a “momentos de descontrole” mas a uma visceral irrupção de uma em geral desconhecida ou menosprezada violência interna. A partir daí, a reflexão racional apequena-se até a anulação para satisfazer a esta demanda emocional primeva. Embora a crítica especializada insista na ‘vingança’ latente em cada situação, como para justificar a ‘perda dos limites’ , uma hipótese mais psicanalítica – a escolhida nesta postagem –  a colocaria mais como um pretexto para endossar a ‘barbárie’ pré-existente do que como causa.

As  fotos utilizadas nos créditos iniciais do filme são lindíssimas. Sugerem que  todos seríamos animais que agem por instinto quando ameaçados ou decepcionados além de um certo ponto – sempre individualmente demarcado – mas a beleza mesmo das fotos parece evocar nossa animalidade de forma neutra, não implicando em recusa ou negação.

Para comprovar sua tese, o diretor Damián Szifrón filmou as seis histórias como curtas-metragens de narrativas independentes, mas unidas por sutil fio condutor, que, muitas vezes revisitando clássicos do gênero, alterna o fantástico, diferentes facetas das tragédias edipianas, o manipulatório brutal, o surreal pelo absurdo ( O Indivíduo x o Estado) , o catártico  ...

O primeiro episódio, “Pasternak”, ecoa a série televisiva  “Além da Imaginação”, de Hitchcok . Sua história se passa dentro de um avião: numa conversa casual, uma modelo e um crítico de música clássica se dão conta de que não apenas eles conhecem um tal Pasternak, como muita gente naquele voo já prejudicou  o rapaz em algum momento do passado. O que parecia um simples acaso se transforma, então, numa trama de vingança, que remonta ao mais longínquo edípico passado.

Já o segundo episódio, “Las ratas”, para alguns críticos, seria o menos exitoso do conjunto, com uma história de vingança mais convencional. Nele, a garçonete de um restaurante percebe que o cliente que acaba de entrar é o sujeito que levou seu pai ao suicídio anos atrás. Dali, seu dilema, compartilhado com a cozinheira, é se veneno de rato vai bem ou não com batatas fritas. A solução final permite uma interpretação psicanalítica de muita sutileza.


O terceiro episódio, de grande impacto,“El más fuerte”, é focado na briga de dois motoristas que se estranham numa estrada erma. Como costuma ocorrer nessas situações, uma palavra mal colocada vai levando a uma ira de ambas as partes cuja desproporção só é compreensível pelo conflito de classes e – por que não – por uma reprodução neo-bíblica  da contenda entre o irmão privilegiado e aquele defraudado pelos fados. Conclusão também psicanaliticamente falando, perfeita!

O quarto segmento, “Bombita”, provavelmente é o mais focado em uma problemática sociocultural, abordando uma burocracia estatal, a que estamos acostumados no Brasil. Darrín  interpreta um engenheiro que tem o carro indevidamente  rebocado no dia do aniversário da filha. Ele é obrigado a ir ao departamento de trânsito para apanhar o veículo e tem que pagar uma taxa. Isso sem falar na multa que chega depois  Na sequência, por não aceitar passivamente a injustiça, ele pode perder mulher, filha e emprego. Mas, como o personagem de Michael Douglas em “Um dia de fúria” (1993), ele resolve reagir.

Quinto curta, “La propuesta” apresenta  uma discussão de classes quando um pai riquíssimo oferece dinheiro para o caseiro a fim de livrar seu filho da prisão, pelo atropelamento de uma mulher grávida. Para completar a tensão que se forma, o filme ainda expõe uma ganância que pareceria absurda, mas que, na fauna de “Relatos selvagens”, é perfeitamente normal. Afina-se ao mesmo instinto predador que levaria saqueadores a despojarem as vítimas de um acidente.

“Hasta que la muerte nos separe”, o último episódio, é um desfecho adequado  que resume bem toda a qualidade da direção de Damián Szifrón. Sua história é centrada numa festa de casamento, animadíssima até a noiva descobrir que o noivo não era exatamente fiel, estando mesmo sua amante presente ao casório. A esta perversidade sutil a noiva responde com aquela acintosa, em um legítimo movimento catártico, que se conclui pela violência da aceitação cínica pelos noivos do desmascaramento público dos afetos envolvidos.

 Cinematograficamente, um dos principais méritos de Relatos Selvagens está no fato de não possuir momentos de grandes irregularidades. É difícil um filme com vários episódios não pecar com um ou outro momento mais fraco, mas é o que acontece aqui. Destaca-se ainda a montagem, já que o longa começa de forma brilhante e empolgante, com um curto episódio passado em um avião. Sobre este não dá para revelar muita coisa sem contar demais, então cabe apenas dizer que é uma história rápida, inteligente, envolvente e com um final extraordinário. Um ótimo episódio no meio (do Darín) enfatiza e aproveita o prestígio deste ator , o grande nome do cinema argentino atualmente . O último conto gira em torno de uma festa de casamento, e nos remete às mulheres de Almodóvar. Também é melhor não falar muita coisa deste episódio, mas é brilhante como reúne cenas de drama, romance, tensão, suspense e até gore. Depois de tanta tragédia (embora sempre pincelada de trágica diversão), o longa termina de forma contundente, sempre nos termos do tragicômico que é a marca do gênero da película .  


Psicanaliticamente, os Relatos são histórias de enredos simples, sobre fatos cotidianos, que por isso provocam identificação quase imediata do espectador com os grandes temas passionais que perpassam a relação entre o Consciente e o Inconsciente , onde se situa , de ordinário, a “barreira de censura” que fundamenta o que se chama de “Civilização” . Vencida esta barreira, fazer justiça com as próprias mãos (direta ou indiretamente), fraudar as normas a favor do interesse dos próprios esquemas afetivos etc.  seriam uma expressão da requintada selvageria que apenas cochila na fimbria da consciência de cada um de nós.  As explicações psicanalíticas esboçadas acima  – de maior validade por ser este um filme argentino, nação adepta desta disciplina do autoconhecimento – apenas apontam um início de investigação possível, por via artística, ao negligenciado (no que diz respeito ao cidadão padrão ocidental urbano) tema da violência.
O psicanalista do episódio inicial, "Pasternak" 
Por estas e outras razões, um filme imperdível.  

Relatos Salvajes 
Argentina / Espanha , 2014 - 122 minutos 
Comédia
Direção: 
Damián Szifrón
Roteiro: 
Damián Szifrón
Elenco: 
Darío Grandinetti, Ricardo Darín, Oscar Martínez, Leonardo Sbaraglia, Erica Rivas, Rita Cortese, Julieta Zylberberg, Diego Gentile, Osmar Núñez, María Onetto


segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

A árvore da Lagoa à espera dos Reis

Talvez um dos melhores períodos para ver a árvore do Natal é aquele entre o Ano Novo e o Dia dos Reis. No fim de semana passado, estacionar foi fácil, não havia gente demais e até o lugar na mesa do Arab estava disponível.

Acompanhemos o ciclo da árvore este ano, que surpreende a passagem dos astros pelo céu entre as vésperas e o dia de Natal ...

Começamos com a Estrela Guia, ainda em meados de Dezembro... 


A ela se segue o Sol deslumbrante da véspera de Natal !


Depois as fases da Lua, intermediando uma noite e o dia Festivos...

       Em rápida sucessão, ante o anoitecer ,


                                          as janelas das casas se acendem, 

e as guirlandas de luzes coloridas se tornam visíveis,

em feérico esplendor 
 Depois, só estes enfeites multicores se mantém, sobre o verde escuro da árvore de Natal

... e são estes pontos de luz que continuam piscando enquanto a árvore mergulha no azul para que o ciclo se reinicie...

E, por falar nisto, amanhã já é dia dos Reis, o marco final das Festas.

Para quem quiser ver a Árvore, o tempo agora é curto, pois o ciclo desta versão termina com a partida dos míticos soberanos...   


quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Have yourself a merry little new year!

Se no Natal,  as festas, por tradição, se dão no seio das  famílias, na Passagem do Ano, as comemorações  são deixadas à escolha de cada um...



Na contramão da extrovertida tendência à socialização da maioria, alguns cariocas da montanha, preferem, com seu feitio contemplativo e poético, um doce recolhimento e  um Réveillon intimista bem a seu jeito ...


 De acordo com a letra da música, os amigos queridos estão presentes de forma atemporal , nos cartões  ( que muito lhes lembramos o quanto apreciamos) e nas lembrancinhas que enfeitam nossa casa...



http://www.vagalume.com.br/demi-lovato/have-yourself-a-merry-little-christmas-traducao.html

No conforto do lençóis novos, pratas e pratos bonitos saem das gavetas para participar da alegria, e com o assado ao lado, o gatinho aos pés, pela TV é mais confortável acompanhar a folia nas ruas e na praia.






















Depois vem o soninho, enquanto lá longe, por trás das montanhas de prédios em torno da Lagoa, os fogos espoucam em nossos sonhos.

No dia seguinte, a gente almoça carinho. Ou seja, é hora de saborear as sobremesas que as amigas quituteiras nos deram de presente, com o cafezinho do sítio, e os chocolates do Bom Velhinho, via lembrancinhas d'outros queridos.


Hum, que gostoso! O caracol de chocolate e doce de leite da mestre-cuca da já tradicional Confraria do Rocambole , a rabanada da Chefe banqueteira da recém fundada Confraria do Jardim.

Queridas amigas, corto meu coração em dois na degustação de suas delícias ! 


E me ergo da mesa, deixando, como os romanos antigos faziam em seus banquetes,
, um lugar reservado para o Deus Desconhecido.


Que Ele nos visite,  no ano que se inicia! E que a cada um traga aquilo por que sua alma mais anseia, em termos de crescimento e de felicidade!