domingo, 2 de dezembro de 2012

Fragmentos poéticos do cotidiano: Pré-verão, 2012


O verão se acerca e, na cidade, os prédios proíbem a brisa e o calor pasteuriza a seiva mais vibrante, inclusive as importadas de seus recessos campestres, na tentativa de amainar-lhe o furor.  As flores fenecem tão rápido... Oh, remorso de tê-las colhido! 
 Mas pareciam tão fartas, infinitas, granizo azul picotando o verde,  nos canteiros úmidos da serra...



Manacá do campo furtado a seu regaço
Casual perfeita beleza envolta em matagal
Quase invisível ao olhar e ao olfato



Lacera-me o coração o realce efêmero à sua formosura
Em vaso de cristal, entre tomos e retratos,
Na sala quadrada vedada ao orvalho e à chuva




Que capricho meu o colheu
Não lhe deixou o fenecer lentíssimo      
Lá mesmo onde nasceu.






Perdoa e me prova a perenidade do seu ser   
Ao se fazer motivo para esta poesia
Revivendo, assim, a cada um que a reler ...


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