O verão se acerca e, na cidade, os prédios proíbem a brisa e
o calor pasteuriza a seiva mais vibrante, inclusive as importadas de seus
recessos campestres, na tentativa de amainar-lhe o furor. As flores fenecem tão rápido... Oh, remorso
de tê-las colhido!
Mas pareciam tão fartas, infinitas, granizo azul picotando o
verde, nos canteiros úmidos da serra...
Manacá do campo furtado
a seu regaço
Casual perfeita beleza
envolta em matagal
Quase invisível ao
olhar e ao olfato
Lacera-me o coração o
realce efêmero à sua formosura
Em vaso de cristal, entre
tomos e retratos,
Na sala quadrada vedada
ao orvalho e à chuva
Que capricho meu o
colheu
Não lhe deixou o
fenecer lentíssimo
Lá mesmo onde nasceu.
Perdoa e me prova a
perenidade do seu ser
Ao se fazer motivo
para esta poesia
Revivendo, assim, a
cada um que a reler ...
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