domingo, 31 de março de 2013

Páscoa Express


Há feriados que escorregam em nosso cotidiano, em meio a fases da vida conturbadas, como bênçãos extemporâneas, nos convidando a usá-los como pretextos para um Bendito Descanso. Quando estamos fazendo obras na casa, antecipando cálculos do Imposto de Renda ou nos trâmites de dissertações e teses de Mestrado ou Doutorado, a Páscoa é uma promessa do Júbilo pela ressurreição a vir !!!!



Para os Cariocas-Super-Atarefados estes são os votos dos Coelhinhos das Montanhas do Rio de hoje! 

quinta-feira, 21 de março de 2013

As dríades gostam de artesanato


O que seria um típico programinha casual dos Cariocas da Montanha? Aquele que inspire nossa imaginação, a partir de surpresas que natureza e arte nos preguem, em meio ao perambular sem destino em que somos exímios... 




Quase ao crepúsculo, as luzes que se acendem no Centro de visitantes do Jardim Botânico nos convidam a percorrer um território das Dríades – ninfas que na mitologia grega moram dentro das árvores – que habitariam o seu arboreto.



Sua intérprete, a artesã Lucia Guinle nos apresenta, à entrada, algumas fotos onde as árvores, ainda escondendo seus segredos, apenas se deixam retratar.



seguir,  envolve troncos e galhos que sugerem formas femininas em rendas e passamanarias,  folhas secas e linhas finas de ráfias...


 Alguns temas nos insinuam voluptuosidades...

... outros acentuam  as verdes vestimentas e os coloridos adereços que adornariam as Ninfas
Notar borboleta no canto superior do quadro à direita




Delas nos despedimos no compasso dos poemas que ilustram a mostra...







Dríades – as Ninfas do Arboreto
Centro de visitantes do Jardim Botânico
Diariamente, de 9 as 17 hs. até 27 de março  

quinta-feira, 14 de março de 2013

Broadway Patropi ou A Família Addams no Rio


Ser culturalmente antenado é árdua tarefa e às vezes nos leva para bem longe de nossas zonas de conforto. Tais quais, flanar pela natureza urbana (com escapadas rurais), frequentar sofisticações artísticas, degustar requintes sensoriais etc... Mas todo foco exagerado resvala no lugar comum e, se exclusivo, perde a graça da espontaneidade.

Donde, por que não se arriscar conhecer um gênero que vem crescendo exponencialmente no quesito espetáculo teatral na Maravilhosa, nem que seja para compreender-lhe os heterodoxos fascínios? Ainda mais depois da ótima crítica de Barbara Heliodora, nossa consultora teatral de confiança, para evitar ‘oips’ (‘Oip’! =  Officially Indigenous Programme) (ver abaixo)


 A Família Adamms elogia o disfuncional o suficiente para agradar um ladinho intelectualóide-feliz-em-ser-neurótico e se a trama também engloba valores ‘certinhos’ não escorrega num moralidade vazia e se presta a uma diversão leve e efetiva. Dá para rir sem correr o risco de ter de aturar palavrões, por conta do ambiente familiar (crianças e senhorinhas de montão!).  Embora a versão do cinema seja, em geral, mais  politicamente incorreta – conforme o esperado-desejável –  alguns detalhes da encenação no Rio lhe chegam perto como a vovó drogada e suspeita de sequer pertencer à família. A plateia participa bastante e a atmosfera geral é bem simpática. 

A Lua e Eu , uma das canções mais bem coreografadas da peça 
 Quanto ao local, o VIVO-Rio – que seria espaço mais para shows do que para peças de teatro – conta com pontos baixos e altos, a saber:
- ótimo estacionamento, ao lado da entrada para o MAM, que lhe é vizinho. Seguro e vazio, pois muita gente vai de ônibus fretado. Custa R$ 10,00 o período todo.
- só se pode comprar ingressos para lugares em mesa de quatro pessoas. Ou seja, se não se for em grupo de quatro, deve-se partilhá-la com estranhos. A dica é chegar duas horas mais cedo – quando a casa abre – e pegar o(s) melhor(es) lugar (es) da mesa, onde se possa ficar mais de frente para o palco.

- comida cara e fraquinha. O melhor é comprar pipoca, ainda que também inflacionada: R$ 8,00 o pacote. Esperá-la na mesa é garantia de que virá fria. Vale mais apanhá-la no bar do lobby que fica aberto durante toda a apresentação. Como o som é alto – embora a acústica seja ruim, dentro da sala de espetáculo – dá para acompanhar o que os atores estão dizendo enquanto se pega a pipoca quentinha.

- há um stand com souvenirs da peça, também caros e alguns engraçados com a sombrinha e um jogo de copos com os personagens da família.
- uma boa dica é ficar no setor C que tem a vantagem de ser mais alto que os B e C; as primeiras filas têm excelente visibilidade, com ênfase à mesa 1506. O valor das entradas neste setor é de R$130,00 e 65,00 (meia).

Na dúvida quanto ao ‘Oips’, dê uma olhadinha na crítica da Decana:
barbara heliodora 
o globo | 18:44h | 25.jan.2013 

Um espetáculo lindo e divertido
Réplica do espetáculo original da Broadway, acaba de chegar ao Rio, vindo de São Paulo, “A Família Addams”, de M. Brickman e R. Elice, música e letra de A. Lippa. O que nasceu cartum era tão marcante, tão rico de potencialidades, que virou seriado de TV e finalmente musical, onde a marca do magistral cartunista Charles Addams é fielmente respeitada pelos novos autores. Merece uma palavra especial a versão de Claudio Botelho, que em pequenos detalhes traz o humor para mais perto do público brasileiro, sem qualquer desrespeito ao original.

Mantendo o clássico núcleo familiar chefiado por Gomez e Mortícia, a trama gira em torno do delicioso e mórbido dia a dia dos Addams e uma notável tentativa de se apresentarem como “normais” quando Wandinha se apaixona por Lucas, do mundo “real”. Isso é desculpa para um espetáculo rico em ação e imaginação, cenografia quase mágica de tanta variedade, e figurinos lindos, com o incrível detalhe de mostrar com precisão todas as gerações enterradas na cripta. A história é contada com ação, canto e dança, tudo realizado com a mais alta qualidade.

O desenho da luz, do som, da maquiagem e dos efeitos especiais já veio pronto, sabemos; mas nem por isso deixa de ter mérito a complexa execução de todos esses componentes que apoiam o elenco na interpretação, no canto e na dança. A direção de Jerry Zacs e a coreografia de Sergio Trujillo são obra de quem domina inteiramente o universo dos musicais, para criar espetáculos que envolvem o público desde o primeiro momento.

O elenco está todo perfeitamente integrado no clima determinado pelos clássicos personagens de Addams, com Marisa Orth, como Morticia,  e, com tarefa ainda mais pesada, Daniel Boaventura(Gomez)  em ótimas atuações, acompanhados por trabalhos deliciosos de Claudio Galvam (Fester), Iná de Carvalho (Vovó) e Rogério Guedes (Tropeço), e mais Laura Lobo (Wandinha), Wellington Nogueira (Mal), Paula Capovilla (Alice), Beto Sargentelli (Lucas) e Gustavo Daneluz (Feioso). Essa montagem de “A Família Addams” dá nova ênfase ao que o teatro musical evoluiu entre nós, apresentando atores que cantam, cantores e dançarinos que sabem interpretar, sem os quais não haveria cenografia ou figurino que fosse capaz de apresentar tão bem todos os grandes musicais que têm sido importados. “A Família Addams” é um espetáculo lindo e divertido.

Outra cena

Para mais opiniões, agora dos espectadores:


VIVO-Rio - Av. Inf-d. Henrique, 85 - Glória  Rio de Janeiro - RJ, 20021-140
(21) 2272-2919

‘A Família Addams’
Ingresso: R$ 80 a R$ 230
- 1.876 lugares
- Ar condicionado
- Acesso para deficiente
De 15/02/2013 até 07/04/2013
Quinta: 21h 
Sexta: 21h 
Sábado: 16h30,21h 
Domingo: 16h,20h30 
Forma de pagamentoCartões de crédito:
Visa, MasterCard, Diners

Classificação do espetáculo é “Livre e Menores de 12 anos somente acompanhados dos Pais ou responsável legal”

sábado, 9 de março de 2013

A picada daVarejão


A exposição de Adriana Varejão no MAM espreguiça suas asas furta-cor, prestes a alçar voo. Apressai-vos, espíritos de escol! Seu deadline foi antecipado de 17 para 10 de março, este domingo.
 As moscas-varejeiras (ou Dermatobia hominis) são bem conhecidas em nossas terras, dada a frequência com que suas larvas provocam infecções parasitárias nos tecidos ou cavidades do corpo do hospedeiro.  São moscas de grande tamanho, geralmente possuem bela coloração verde azulado metálico; depositam os ovos nos tecidos vivos ou mortos de vertebrados ou substâncias orgânicas em decomposição. A larva é parasita obrigatório, mas os adultos têm vida livre.

Mestiça, de 2012 (auto-retrato) 
Alguma associação possível com a impressão pungente que nos perpassa na visita à produção de Adriana Varejão?

Com curadoria de Adriano Pedrosa, Histórias às margens traz trabalhos fundamentais da artista produzidos desde 1991, mais da metade deles inéditos no país, vindos de coleções como Fundación “la Caixa” (Madri) e da Tate Modern (Londres).

Nas palavras da própria artista, “margem remete a mar, mas também àquilo que está fora do centro”, daí o título da mostra.  Histórias às margens são, na palavra do curador, “histórias marginais, muitas vezes esquecidas ou colocadas às margens pela história tradicional, sejam elas histórias do Brasil, de Portugal, da China, da arte, do Barroco, da colonização; histórias que Varejão pesquisa, resgata e entrecruza em suas pinturas”, uma vez que para ela, a história é algo vivo e o passado está sendo constantemente recriado.
Nas salas, distribuem-se 42 obras, e, além das inéditas no Brasil, algumas produzidas especialmente para a exposição. Dentre elas, a pintura acima, em grande formato, com o panorama da Baía de Guanabara, Rio de Janeiro, no qual a artista retoma sua série Terra Incógnita, iniciada em 1992, introduzindo elementos de seu trabalho atual. Há uma grande e bela serenidade neste quadro, constelado de elementos chineses...
Linha equinocial, 1993
  Explorando imagens e técnicas clássicas, sua técnica, do ponto de vista formal, é impecável e, nas pinturas, cria uma aparência realista perfeita. Mas é a partir desta impecabilidade que Varejão a viola, abrindo feridas em mapas e nas faces de suas repousadas modelos. Com isto, coloca em segundo plano o debate estéril sobre a pertinência atual da pintura figurativa. Ver Contingente (2000) (abaixo)




A contundência do conjunto das obras é impressionante, em boa parte devida à temática de revisionismo histórico, uma tônica nas interpretações de seu trabalho, que seria um dos fatores – aliado a seu grande talento – de seu sucesso internacional. Pode ser identificado, realmente, um caráter agressivo na poética da artista, envolvendo, por exemplo, uma revisão crítica de imagens de um Brasil idílico, criado por artistas viajantes como Frans Post (1612-1680).

Carne à Moda de Frans Post (1996)
ver detalhe da borboleta recortada da palmeira e servida no prato  brasonado 

Uma das marcas registradas da artista são os azulejos de estilo português, que ela emprega sob diversas óticas, algumas particularmente explosivas. Preferimos aquelas em que o contraste das diferenças é assinalado de forma mais sutil e graciosa, deixando à imaginação do espectador a tarefa de creditar um sentido quiçá doloroso aos arcabouços simbólicos do motivo.

Tiles and Tea II  (1997)
Nos detalhes, a Crítica e  (talvez) o Resgate 


'O olho extraído não deixa de ver...'


Neste sentido, aliás, nos comoveu, antes, a conotação que nos foi permitida reconhecer – a Obra de Arte é Aberta! – mais de tristeza do que de revolta em quadros em que as questões dos ‘colonialismos’ vão além da dimensão política e abordam a sujeição na vida íntima - e as possibilidades de revertê-la e/ou transcendê-la...

Ver Testemunhas oculares x, y  e Z  (1997)  (detalhe ao lado; neste observe-se a elegância da incisão na tela, que reproduz a pupila onde ela não mais existiria...) 

A luneta surpreende, no escrutínio do globo ocular,  um mundo silencioso de testemunhos e sonhos que nega a cegueira...









Também foi este o viés que nos encantou em outras figuras femininas onde um quê de Antropofagia se mescla à aceitação sorridente do machucado (auto)infligido, em nome das regras das Culturas em questão. Ver da Chinesa (com agulhas de acupuntura no rosto) à Comida, ambas de 1992.





O percurso é organizado em ordem quase toda cronológica; no nosso caso, ignoramos este pormenor e acabamos por conhecer primeiro as obras mais recentes. Desta forte primeira impressão, quem sabe, provenha a percepção – que nos ficou no olhar –  de um devaneio menos desolado enfeitiçando a mostra.

Ou seja, na Pérola Imperfeita (2009) (ao lado)  há um sol e a gema do ovo. 

Entre as últimas obras realizadas por Adriana, estão quatro trabalhos recentes, como a Pérola acima e Pratos com Mariscos de 2011, abaixo. Os grandes pratos de parede, com frutos do mar ou frutas, segundo os especialistas, estariam sinalizando um novo caminho em desenvolvimento na artista. Sorte nossa, que preferimos o belisco ao bodoque e a picada ao punhal para atiçar a curiosidade; assim como o bisturi ao escalpo para esmiuçarmos as entranhas da alma...



Saindo da Mostra, detivemo-nos a escutar um artista-professor discorrendo, apaixonadamente, sobre o mural à entrada da exposição, no andar inferior. Aliás, em toda a mostra, muitos professores explicavam a seus grupinhos de alunos onde e porque Varejão estaria dizendo isto ou aquilo. Pode ser proveitoso dar uma de penetra e ouvir-lhes as hipóteses. Este lente, no piso térreo, aproveitava a ocasião para explicar aos discípulos porque o primeiro quadro em que uma tela em branco fora rasgada ganhou crédito artístico mundial e muito dinheiro. Pela primeira vez uma tela era tratada não como suporte para a pintura, mas como um corpo em si, sujeito à manipulação artística. Varejão também deixaria explícito que ela trata suas pinturas como corpos e não apenas como meras telas. Para evidenciá-lo, o mestre enfatizava seu uso de buracos, rupturas, protuberâncias, fragmentos decepados quais cacos e lascas...



 Mas aproveite-se, ao invés, talvez, para, esgueirando-nos por trás das paineis expostos,  surpreender os recortes de Beleza, rasgões esquivos providenciais na sólida arquitetura do MAM, como digna moldura à magnífica produção de Adriana.


Histórias às margens narradas por Adriana Varejão

17 de Janeiro a 10 de Março de 2013

3ª a 6ª – meio-dia a 18 hs.
Sab., dom. e feriado – meio-dia às 19 hs.
Entradas: RS 12,00 ou R$ 6,00 (meia)
Às quartas-feiras: entrada gratuita.

Museu de Arte Moderna
Av Infante Dom Henrique 85
Parque do Flamengo
20021-140
Rio de Janeiro RJ
T 
 +55 (21) 2240 4944


Outros quadros da exposição em:

sexta-feira, 1 de março de 2013

Feliz aniversário da Maravilhosa: cariocas nas nuvens!


Hoje é nosso aniversário. E aproveitamos para homenagear nossa cidade através das lindíssimas fotos de Marcos Estrella, em que o habitat natural dos conterrâneos deste blog – as montanhas – aparece lindamente emoldurado pelas nuvens da Fantasia, da Poesia, da Alegria... de ser Carioca!

Furando as nuvens, os picos das nossas serras 

Ver álbuns de Estrella em :

  Numa prévia abaixo, uma seleção de fotos suas de nossas amadas montanhas, acolchoadas em algodões e painas, entre os verdes e azulados das florestas e das águas da Lagoa...

O Corcovado de onde o Redentor abençoa as cordilheiras... 

... aninhadas entre o firmamento e as matas 
Só a névoa suspensa contrasta as cores da Lagoa, do céu e das rochas 

Mais perto do azul, os tons nítidos desenham as silhuetas do Sumaré 




Mais perto da terra, a bruma se adensa e as árvores se embaçam na macia espessura...








Parabéns, nesta Data Querida,  para todos os Cariocas, inclusive os de Coração ! 



P.S. Lista de horários para visitar os pontos mais lindos da Maravilhosa:

http://guia.uol.com.br/album/2013/02/28/veja-os-horarios-para-visitar-os-cartoes-postais-do-rio-em-seu-aniversario-de-448-anos.htm