quinta-feira, 14 de março de 2013

Broadway Patropi ou A Família Addams no Rio


Ser culturalmente antenado é árdua tarefa e às vezes nos leva para bem longe de nossas zonas de conforto. Tais quais, flanar pela natureza urbana (com escapadas rurais), frequentar sofisticações artísticas, degustar requintes sensoriais etc... Mas todo foco exagerado resvala no lugar comum e, se exclusivo, perde a graça da espontaneidade.

Donde, por que não se arriscar conhecer um gênero que vem crescendo exponencialmente no quesito espetáculo teatral na Maravilhosa, nem que seja para compreender-lhe os heterodoxos fascínios? Ainda mais depois da ótima crítica de Barbara Heliodora, nossa consultora teatral de confiança, para evitar ‘oips’ (‘Oip’! =  Officially Indigenous Programme) (ver abaixo)


 A Família Adamms elogia o disfuncional o suficiente para agradar um ladinho intelectualóide-feliz-em-ser-neurótico e se a trama também engloba valores ‘certinhos’ não escorrega num moralidade vazia e se presta a uma diversão leve e efetiva. Dá para rir sem correr o risco de ter de aturar palavrões, por conta do ambiente familiar (crianças e senhorinhas de montão!).  Embora a versão do cinema seja, em geral, mais  politicamente incorreta – conforme o esperado-desejável –  alguns detalhes da encenação no Rio lhe chegam perto como a vovó drogada e suspeita de sequer pertencer à família. A plateia participa bastante e a atmosfera geral é bem simpática. 

A Lua e Eu , uma das canções mais bem coreografadas da peça 
 Quanto ao local, o VIVO-Rio – que seria espaço mais para shows do que para peças de teatro – conta com pontos baixos e altos, a saber:
- ótimo estacionamento, ao lado da entrada para o MAM, que lhe é vizinho. Seguro e vazio, pois muita gente vai de ônibus fretado. Custa R$ 10,00 o período todo.
- só se pode comprar ingressos para lugares em mesa de quatro pessoas. Ou seja, se não se for em grupo de quatro, deve-se partilhá-la com estranhos. A dica é chegar duas horas mais cedo – quando a casa abre – e pegar o(s) melhor(es) lugar (es) da mesa, onde se possa ficar mais de frente para o palco.

- comida cara e fraquinha. O melhor é comprar pipoca, ainda que também inflacionada: R$ 8,00 o pacote. Esperá-la na mesa é garantia de que virá fria. Vale mais apanhá-la no bar do lobby que fica aberto durante toda a apresentação. Como o som é alto – embora a acústica seja ruim, dentro da sala de espetáculo – dá para acompanhar o que os atores estão dizendo enquanto se pega a pipoca quentinha.

- há um stand com souvenirs da peça, também caros e alguns engraçados com a sombrinha e um jogo de copos com os personagens da família.
- uma boa dica é ficar no setor C que tem a vantagem de ser mais alto que os B e C; as primeiras filas têm excelente visibilidade, com ênfase à mesa 1506. O valor das entradas neste setor é de R$130,00 e 65,00 (meia).

Na dúvida quanto ao ‘Oips’, dê uma olhadinha na crítica da Decana:
barbara heliodora 
o globo | 18:44h | 25.jan.2013 

Um espetáculo lindo e divertido
Réplica do espetáculo original da Broadway, acaba de chegar ao Rio, vindo de São Paulo, “A Família Addams”, de M. Brickman e R. Elice, música e letra de A. Lippa. O que nasceu cartum era tão marcante, tão rico de potencialidades, que virou seriado de TV e finalmente musical, onde a marca do magistral cartunista Charles Addams é fielmente respeitada pelos novos autores. Merece uma palavra especial a versão de Claudio Botelho, que em pequenos detalhes traz o humor para mais perto do público brasileiro, sem qualquer desrespeito ao original.

Mantendo o clássico núcleo familiar chefiado por Gomez e Mortícia, a trama gira em torno do delicioso e mórbido dia a dia dos Addams e uma notável tentativa de se apresentarem como “normais” quando Wandinha se apaixona por Lucas, do mundo “real”. Isso é desculpa para um espetáculo rico em ação e imaginação, cenografia quase mágica de tanta variedade, e figurinos lindos, com o incrível detalhe de mostrar com precisão todas as gerações enterradas na cripta. A história é contada com ação, canto e dança, tudo realizado com a mais alta qualidade.

O desenho da luz, do som, da maquiagem e dos efeitos especiais já veio pronto, sabemos; mas nem por isso deixa de ter mérito a complexa execução de todos esses componentes que apoiam o elenco na interpretação, no canto e na dança. A direção de Jerry Zacs e a coreografia de Sergio Trujillo são obra de quem domina inteiramente o universo dos musicais, para criar espetáculos que envolvem o público desde o primeiro momento.

O elenco está todo perfeitamente integrado no clima determinado pelos clássicos personagens de Addams, com Marisa Orth, como Morticia,  e, com tarefa ainda mais pesada, Daniel Boaventura(Gomez)  em ótimas atuações, acompanhados por trabalhos deliciosos de Claudio Galvam (Fester), Iná de Carvalho (Vovó) e Rogério Guedes (Tropeço), e mais Laura Lobo (Wandinha), Wellington Nogueira (Mal), Paula Capovilla (Alice), Beto Sargentelli (Lucas) e Gustavo Daneluz (Feioso). Essa montagem de “A Família Addams” dá nova ênfase ao que o teatro musical evoluiu entre nós, apresentando atores que cantam, cantores e dançarinos que sabem interpretar, sem os quais não haveria cenografia ou figurino que fosse capaz de apresentar tão bem todos os grandes musicais que têm sido importados. “A Família Addams” é um espetáculo lindo e divertido.

Outra cena

Para mais opiniões, agora dos espectadores:


VIVO-Rio - Av. Inf-d. Henrique, 85 - Glória  Rio de Janeiro - RJ, 20021-140
(21) 2272-2919

‘A Família Addams’
Ingresso: R$ 80 a R$ 230
- 1.876 lugares
- Ar condicionado
- Acesso para deficiente
De 15/02/2013 até 07/04/2013
Quinta: 21h 
Sexta: 21h 
Sábado: 16h30,21h 
Domingo: 16h,20h30 
Forma de pagamentoCartões de crédito:
Visa, MasterCard, Diners

Classificação do espetáculo é “Livre e Menores de 12 anos somente acompanhados dos Pais ou responsável legal”

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