sexta-feira, 28 de junho de 2013

As janelas da frente e dos fundos de meu apartamento

Meu amigo Val, carioca da montanha de carteirinha, me mandou a fábula que lhes reproduzo hoje: 

"O janelão da frente de meu apartamento na praia do Flamengo tem uma vista espetacular. Eu brinco dizendo que tenho um tríptico pintado pelos arquitetos que desenharam os contornos do Aterro, melhorando a obra da Natureza (sou ateu).


 Mas este não foi o argumento decisivo para eu comprar este apartamento (cuja reforma tem-me deixado os cabelos brancos!). Quem liga para a vista do ‘living-room’ depois de alguns meses? Com o tempo, lhe prestamos tanta atenção quanto a uma Santa Ceia – daquelas reproduções lustrosas enormes que vendem em camelô – encima da mesa de jantar. A não ser, claro, quando a mostramos às visitas. Aí sim, seus ‘Ohs’ admirativos nos provocam um sorrisinho vaidoso, por pura estupidez competitiva. 

Mas, fora isto, moramos mesmo nos ‘quartos dos fundos’.


Assim, fiz questão de evitar os nouveaux-richismos da turma que, uma vez exibido ‘O VISUAL’ para os outsiders, tem mesmo que se conformar com os cubículos que dão para um poço negro, de onde se ouvem todas as disputas mesquinhas que compõem o que os vizinhos chamam ‘vida doméstica’. Eu leio e trabalho no computador em meu escritório, em um dos ‘quartos dos fundos’. E ele dá para um pedaço de floresta e só a agradável algazarra dos passarinhos compete com o som (baixinho) de minhas músicas clássicas prediletas. 




Até meu gato Romão entra no clima
 e relaxa apreciando seu viveiro particular.  

E por hoje tenho dito: “Fim aos nouveaux-richismos”


Val 

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