sexta-feira, 28 de agosto de 2015

A poesia de Agosto

Més do aniversário do Blog e de meu aniversário. Expectativa de fim de inferno astral. Depois de cumprir as injunções de obediência a regras pré-determinadas, a esperança de retomada de um ritmo de vida mais solto e leve...



domingo, 23 de agosto de 2015

Livraria Cultura na Cidade

Ir à cidade não faz parte da rotina de muitos de nós, como a daqueles trabalham nos vários bairros do Rio  por exemplo.

Assim, foi necessária uma 'viagem' extemporânea, para topar com a livraria Cultura, em uma das ruas do centro.

 Muito já ouvira dela falar - inclusive de seus três andares -  e a primeira impressão foi realmente a de que se estendia por vastos espaços. O balcão redondo logo à entrada continha livros recentes de ficção que haviam recebido boas críticas e alguns outros extensos e de feição mais de entretenimento.
Aproximei-me das escadas em caracol, todas ornadas de estantes,  e comecei   a percorrer seu eixo central de baixo para cima. No 'subsolo',  uma sala qual um pequeno anfiteatro, em torno de uma tela , local talvez de palestras... ou de discreto refúgio para  leitores tímidos.





Prestando mais atenção aos conteúdos das estantes, ao ascender aos andares superiores vi tratarem de múltiplos assuntos de forma muito leve.
Alternavam espaços com jogos de quebra cabeças e similares.


Uma sessão infantil, no andar térreo, oferecia estantes-cadeiras em formas de bichos divertidos.



Na sucessão dos andares, muitos possíveis compradores, ocupando as poltronas confortáveis, examinavam os produtos e ou passavam o tempo.


Mais acima uma sessão de ficção científica sob o cartaz 'Geeks'.

Esta oferece DVDs, jogos e até mesmo roupas





 Não me lembro se neste mesmo andar ou no acima, uma sessão de culinária com livros do assunto, utensílios e roupas para venda, barzinho e até mesmo uma pia e outros aparelhos domésticos para eventos em que se precise 'cozinhar em loco'





Ao descer, melancolicamente passo o olho pelas estantes tão magrinhas de conteúdo, tão organizadas em função de uma curiosidade superficial, mesclada de certo sensacionalismo barato.




A impressão que fica é mais a de um Shopping Center de resíduos de ideias e suas aplicações a várias formas de entretenimento do que a de uma livraria.

Mas belos efeitos visuais se descortinam de suas perspectivas e é com este click de um pé direito  antiga restaurado, que ladeia as escadas rolantes, que me despeço do edifício.


segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Passeata em Copacabana

'Passeata' é um nome curioso. Remete a um tranquilo passeio por uma esplanada, um amplo terreno aberto, bela metáfora para o alcance que deveria reger a democracia.

A nossa, no Rio, ocorreu sob um céu lindo, em ritmo de serenidade. Na orla de uma das nossas mais belas praias, o pavilhão brasileiro fazia às vezes da ágora grega, onde os cidadãos resolviam, em conjunto, os rumos do Estado.


Que o povo brasileiro se inspire nessas analogias !

domingo, 16 de agosto de 2015

Terceiro aniversário do blog

O terceiro aniversário de nosso blog - em três de agosto - passou um pouco desapercebido este ano, em meio a vicissitudes da vida cotidiana um pouco maiores do que as usuais .

Eis que estas começam a amainar e os grilhões à criatividade que as caracterizam afrouxa sua pressão gélida de meus pulsos.

Coincidindo com o fim do inferno astral da principal cronista deste blog, a vida, fiel, recomeça a amanhecer...



Primeiro, é só um traço luminoso no horizonte, ainda submisso ao império maior dos tons sombrios.

 Mas depois , o dia explode tais resquícios da noite e resplandece em promessas entre rubras e douradas!

sábado, 8 de agosto de 2015

Vidas ao vento

O canal da Net Telecine Cult tem-nos presenteado com a exibição de Vidas ao Vento, Kaze Tachinu (em japonês: 風立ちぬ ) um filme de animação japonês produzido em 2013 pelo Studio Glibli, escrito e dirigido por Hayao Miyazaki, seu último filme antes de se aposentar.


O filme poetiza em torno da biografia de Jiro Horikoshi, o designer que criou o famoso avião de combate japonês Mitsubishi A6M Zero, um dos mais engenhosamente construídos e tragicamente eficazes usados na Segunda Guerra Mundial. Jiro Horikoshi, um jovem que vive em uma cidade do interior, anseia em se tornar piloto de avião, mas sabe que nunca conseguirá, por conta de sua miopia 
Desde os dias da infância do engenheiro, ao seu papel fundamental no esforço de guerra, o longa acompanha Horikoshi nos tempos difíceis que antecederam o conflito, passando pelo grande terremoto que devastou Tóquio em 1923. Sem justificá-la, o enredo (ver trailer abaixo) expõe as razões de ordem socioeconômica que teriam ‘arrastado’ o Japão à guerra; na película, os protagonistas sofrem com ela e o sonho de voar surge-nos, pois, como a resposta possível a ser dada pela imaginação criadora – resistência e contradição – a uma realidade impossível de ser contestada diretamente.


As  partes da cinebiografia que retratam o inventor em sua vida privada, porém, são fabricadas. Elas adaptam parcialmente o romance The Wind Has Risen (1937), de Hori Tatsuo, que se passa em um sanatório para tuberculosos em Nagano, Japão. 
Aqui e ali, o diretor detém-se na paixão do jovem designer pelo ‘sonho de voar’ que é retratado quase que como uma realidade paralela, em todas as suas dimensões possíveis, concretas, psíquicas e simbólicas. O próprio amor entre o jovem casal mescla-se à sua relação intrincada com ‘voar acima dos obstáculos que a pudessem dificultar”, como na delicada cena em que Jiro trabalha em seu projeto em casa desenhando com uma mão, com a outra enlaçando a da esposa, que doente, jaz a seu lado, na cama.
O resultado, em sua bem temperada mistura de ficção e fatos (sempre colocando a intenção e fantasias da liberdade de voar  acima de seu doloroso consumar-se em prol da guerra), é arrebatador e extremamente romântico. O título brasileiro (e também o título original, “O vento se ergue”), justo ao filme, lírico e belo, foi extraído de um poema de Paul Valéry.

Criticada por humanizar um personagem que, indiretamente, teria participado de um esforço de guerra que causou tanta destruição, a animação tem uma mensagem clara, de pacifismo, um tema recorrente na obra do veterano realizador japonês. Fala-se frequentemente nele de que voar é um "sonho amaldiçoado" e são flagrantes as condições em que o avião é construído, enfatizando a dissociação entre arcaico e inédito no Japão da época.
Carros de boi transportam o novo modelo para o campo onde será testado. 
Como no romance de Mann, os doentes
tomam o ar puro, tido por regenerador,
 na varanda do sanatório, envoltos em cobertas.
Um personagem misto de Sherlock Holmes
e Castorp (o filósofo da Montanha Mágica)
encarna a dimensão crítica do filme
e refere-se a Hitler como a um louco.  
Mais sutilmente demonstrada – e exigindo um pouco mais de cultura por parte do público – é a releitura acurada feita pelo filme do clássico de Thomas Mann, A Montanha Mágica. O livro retrata um sanatório de tuberculosos nos Alpes, também ás vésperas da guerra, de forma a que se evidencie como certo escapismo infiltra-se , inevitavelmente, nos sonhos de uma nova geração, conduzida por outros às margens de da tragédia inevitável. 

  
Como é comum na obra de Miyazaki, a arte do filme é deslumbrante. Dos fundos pintados, em que cada detalhe remete ao amor jovem e puro em sua ingenuidade acariciante ( e acariciada pelos acúmulos amplos de nuvens, sempre varridas pelas sombras provocadas pelo vento)  às retratações dos aviões e ao carinho especial como são mostrados os projetos e cálculos, tudo é belíssimo. A sonoplastia é igualmente brilhante, com os sons das aeronaves lembrando lamentos de criaturas - um pequeno eco das fantasias épicas do currículo do diretor - e complementa a bela trilha sonora baseada em acordeons de Joe Hisaishi.

Ao final, Vidas ao Vento é uma celebração da criatividade e engenhosidade humanas, uma que lamenta nossa capacidade para a destruição da maneira mais poética possível. No anterior  Mononoke, Miyazaki explicitara a maior mensagem das suas obras "É preciso ver o mundo com olhos destapados do ódio". Este aforisma se repete em todos os seus filmes e é em Vidas ao Vento, que atinge, talvez, seu apogeu.









 A película   ganhou e foi indicado para vários prêmios, incluindo nomeações para o Oscar de Melhor Filme de Animação , o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro e Prêmio da Academia do Japão para Animação do Ano.Se realmente este for o último filme de Miyazaki, que anunciou sua aposentadoria recentemente, ao menos ele deixa o cinema com uma de suas maiores obras-primas.


Ver trailer em: