Dia 31 de janeiro. São nove horas. É manhã ainda serena e plácida nas ruas da encosta do Jardim Botânico...
... e o silêncio ainda impera.
Mas eis que vêm chegando os primeiros músicos da banda, a menina já com a roupita oficial do bloco deste ano !
Escorrego para a rua Jardim Botânico, para ver o movimento.
Viaturas, policiais das diversas forças, ambulâncias estão enfileiradas na rua principal do bairro, aguardando a multidão. Quão civilizado !
Um casalzinho despreocupado, com uma fantasia de pirata improvisada, desliza pelas calçadas ainda desertas.
Mas logo se reúnem , nas esquinas em volta do encontro da rua Jardim Botânico com a rua Faro, grupinhos de foliões com visuais mais incrementados.
Muitas famílias da região se congregam, preferindo usar o azul e o verde, as cores do Suvaco.
Vou subindo a Faro, rumo ao ponto de partida do Bloco, lá perto da floresta.
No caminho , encontro a Mulher Maravilha, que descubro depois, ser um dos músicos do carro de som. Mais acima, o sociólogo de plantão, com cabeleira de sol fulgurante e maquiagem de corista explica aos repórteres o sentido 'transgressor'' do Carnaval
Bem exemplificado, aliás, pelos dirigentes do bloco, em modelitos femininos. Enquanto isto, as baianas ensaiam.
A madrinha e porta-bandeira do bloco, conhecida atriz de TV, surge com sua filhinha , que logo toma parte em um mini-bloquinho de meninas. |
De camarote , a vizinhança se debruça às janelas e
aguarda a largada do bloco...
... no espírito das sacadas e dos entrudos de antigamente.
Às nove e meia , o desfile começa!
As baianas são as primeiras a sair, agitando suas largas saias, solenes e bem cientes da importância de seu papel.
A porta-bandeira graciosamente evolui entre elas |
A banda vai logo atrás, orientada pelos rapazes em camisa rosa. |
A turma segue o bloco, os mais buliçosos descendo pela rua Faro, os mais quietinhos pela calçada, tirando fotos e observando as modas. |
Desejos de odaliscas de assim chamar a sorte
para ganhar algum dinheiro?
Os foliões de verdade não se preocupam com isto. Embora poucos pratiquem o 'samba no pé' , a euforia é geral!
Enquanto isto, um 'cuiqueiro'
dá show particular embaixo de árvore florida.
Embora outro esteja com uma cara braba,
castigando a cuíca como quem se vinga !!!
Chegamos enfim à Jardim Botânico e logo encontramos queridos amigos da vizinhança.
Iza e Marcus, figuras especiais do JB |
E aí vão as primeiras evoluções da porta-bandeira e do mestre-sala, todos graça, leveza e brejeirice . |
A foliã se refresca com a cerveja e consulta o celular e a bebezinha
tira um soninho.
No clima de confraternização alegre, quaisquer rixas simbólicas são esquecidas !
O coelho moreno se dá
super bem com o gato de de orelhas negras e de peruca loura!
A india desiste de flechar o papagaio
A oncinha meiga usa sapatos de gatinhos nos pés .
E se a flor fugiu da camiseta pra cabeça, para moça loura é tudo festa! |
Logo após, o puxador de ritmo dá o tom e os instrumentos recomeçam!
Lá sai o bloco com o eterno músico zangado, que descarrega toda sua paixão no pandeiro!
E vem vindo o carro de som ! E passa por nós e se perde ao longo da rua, por sob as árvores copadas, a turma carnavalesca cabriolando atrás, para cumprirem o seu destino de um só dia...
Atrás deles, o lado prático do Cotidiano reassume seus direitos. O caminhão de lixo, eficientíssimo, vai recolhendo do chão serpentinas, confetes, adereços perdidos ou esquecidos, o saldo do efêmero triunfo da Fantasia...
Voltamos devagar , para nossa rua tranquila. São dez e meia. Retardatários se demoram nas esquinas ou nas escadas , almas alternativas posando par fotos pouco convencionais, abraçando a profissional da limpeza ou o ursinho, no espírito da boemia e/ou da pureza.
E um gari cansado dorme, sossegado, em um recanto escondido do bairro que volta ao seu silêncio.
Reconheci a blogueira no meio da multidao de foliões!
ResponderExcluirAdorei todas as fotos!
ResponderExcluirOi, querida, só hoje, passeando pelo blog vejo seus comentários nesta postagem. Nosso Rio mais tranquilo - a Lagoa é bairro-irmão do Jardim Botânico - e com um povo afável para não dizer meigo, é , ainda e sempre, a Cidade Maravilhosa !!!
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