sábado, 30 de abril de 2016

A fruta do mês; caqui

Caqui é uma fruta de outono – abril no hemisfério sul, outubro e/ou novembro no hemisfério norte. Aqui e ali sua chegada coincide com o fim das chuvas de verão, com manhãs frescas, brilhantes e claras, fins de tarde cheios de cores e um anoitecer cortado por um delicioso ventinho. Dentre as frutas da estação, os caquis, ao contrário das outras, têm safra curta e determinada e por isso mesmo são tão apreciados e procurados nesta época.


É a fruta de eleição para situar o Brasil em um eixo gustativo especial entre a Europa e o oriente. Trazida, eventualmente, pelos portugueses, sua expansão em solo brasileiro, deveu-se à emigração japonesa, no fim do século 19, encontrando, no Sul e Sudeste do país, solo e clima favoráveis ao seu cultivo. Para alegria dos cariocas da montanha, a cidade do Rio de Janeiro, e seus arredores nas baixadas e nas serras,  são  conhecidos pelos seus saborosos caquis.


O caqui tem origem asiática, mas foi na China e no Japão que fincou raízes e de lá se espalhou pelos quatro cantos do planeta. O nome «caqui» nos veio do japonês kaki ().
bonsai de caquizeiro 
No português europeu, chama-se dióspiro, o fruto do caquizeiro diospireiro ), uma árvore da família Ebenaceae. O nome «dióspiro» (Diospyros) tem origem no grego: διόσπυρος (dióspyros), que significa «alimento de Zeus». A variedade de seus tons é um dos muitos fatores de seu charme.

 No Japão, segundo estudiosos, estão catalogadas mais de 800 variedades da fruta, mas por aqui o tipo rama forte, o fuyu, o goimbo e o kyoto são os mais populares. Dentre as diversas variedades: a vermelha, quando madura, é muito suculenta, doce e mole e precisa de muito cuidado no transporte para não se amassar.



Elegante e delicado, o fruto do caquizeiro tem polpa farta e gelatinosa. Queridinho dos nutricionistas, tem poucas calorias (cerca de 80 por 100 grs) e concentra boas quantidades de vitaminas A, B, C e E, cálcio, ferro e proteínas, sais minerais e fibras. Além disso, o caqui é uma excelente fonte de betacaroteno, um poderoso antioxidante conhecido por suas propriedades que evitam o envelhecimento celular, detêm a arteriosclerose e atuam como preventivos do câncer. O fruto é um grande suavizador  do tubo digestivo, especialmente do intestino, e rico em licopeno, também presente no tomate e responsável pela sua cor avermelhada.



... e seus períodos de colheita 
Minha própria relação com o caqui é das mais próximas. Além de ser, talvez, minha fruta predileta, eu gosto de vê-la amadurecer aos poucos nas fruteiras e saboreá-las à medida que amolecem, como se as tirasse de suas árvores no momento certo.  





Além de seus benefícios à saúde e de ser uma delícia em si próprio,  o caqui ainda pode ser usado em muitas receitas doces e salgadas, que– as por nós selecionadas – falam de sua versatilidade , tanto por associá-lo a um prato salgado, quanto por utilizá-lo cru, em um composição particularmente gentil ao paladar.
Dentre as associações com o salgado, citamos a que é feita com o molho da fruta, e que foi selecionada pelo Banco CEAGESP de Alimentos

Macarrão com molho de caqui :
 Ingredientes:
·         4 xícaras (chá) de macarrão
·         ½ xícara (chá) de coco ralado
·         2 dentes de alho
·         2 colheres (sopa) de óleo
·          ½ xícara (chá) de talos de salsa picados
·         4 xícaras (chá) de caqui maduro
·         sal a gosto
·          
Modo de preparo:
·         Cozinhe o macarrão em uma panela com sal, uma colher de sopa de óleo e água suficiente. Escorra.
·         Rale o coco e reserve.
·         À parte, doure a cebola e o alho no óleo, acrescente os talos de salsa, o caqui batido no liquidificador, o sal e deixe apurar.
·         Cubra o macarrão com o molho e salpique com o coco ralado.
·          
Valor calórico da porção: 300,48 Kcal
Rendimento: 5 porções
Tempo de preparo:  30 minutos
Como exemplo de uso do caqui cru

Tortinha crocante de caqui   

Ingredientes

4 caquis cortados em gomos; 100g de chantili; 1 folha de massa folhada; 180ml de vinho do Porto; 60g de açúcar refinado;suco de 1 limão; açúcar de confeiteiro e folhinhas de hortelã para decorar

Modo de fazer

Faça a calda colocando, numa panela pequena, o vinho e o açúcar. Leve ao fogo baixo, sem mexer, até reduzir pela metade. Reserve. Tempere os caquis cortados com limão. Corte a massa folhada em oito aros (base e cobertura) e leve ao forno seguindo as instruções de preparo do fabricante. Reserve. Monte as tortas com uma base de massa folhada assada, uma colher generosa de chantili, deite sobre ele os gomos da fruta. Acrescente um pouco da calda. Coloque por cima outro disco de massa. Peneire açúcar de confeiteiro e decore com uma folhinha de hortelã. 



Bon appétit, amantes desta iguaria que já o nasce sendo, presente da natureza... 


segunda-feira, 25 de abril de 2016

Sobre o Rio continua pairando o calor

Pode parecer preguiça - e o é em parte, mas o culpado vem descrito adiante  - a insistência de postagens acerca do calor inusual para este fim de abril. Porém, que fazer? As condições climáticas influenciam fortemente o humor dos cariocas da montanha, seres para quem as tórridas temperaturas da Cidade Maravilhosa restringem o movimento livre, corolário de um passo leve e distendido.

Ontem, domingo, ainda às 9 hs da manhã, o Rio estava já envolto em uma cerração pálida e pesada.

Feita não do ameno orvalho das serras, mas de vapor de suor condensado, mal permitindo ao Cristo ouvir o nosso apelo pela chuva tardia!
Deus esteja conosco neste Saara tropical ! 

quarta-feira, 13 de abril de 2016

E o verão não se vai de nosso outono!








Outono seria mês de folhas douradas
- previamente bronzeadas
pelo ardor da estação anterior -
pincelando o chão de nossos parques bucólicos ,
sugestão de leituras sob as árvores,
se dando uma de ninfa pós-moderna...







Mas, ai de nós, cariocas da montanha ! O  verão resolveu se instalar de vez no Rio !

E de manhã, banha nosso exercício de suor, lágrimas salgadas  nos descem pelas pálpebras

Ao meio dia, pesa sobre nós como um globo suspenso na energia do próprio ardor.

E ao anoitecer permanece no céu qual nuvem de fogo, competindo com a luz dos postes perplexos!

Como somos ilustrados, tentamos uma descrição poética, para disfarçar o nosso incômodo !


Ai, que tristeza, meu Rio querido !


segunda-feira, 11 de abril de 2016

As flores do bambu

No Jardim Botânico, eu perambulava perto dos bambuzais...

Um botânico amador que por ali também flanava, me chamou a atenção para o segundo bambuzal do grupo.

 "Veja", alertou-me, "está florindo ! Só acontece raramente, de muitos em muitos anos!"

Eram raminhos bem finos que cresciam das raízes do bambu, facilmente desapercebidas pelos não-especialistas ! 

Aproximei-me e tomei algumas pontas dos raminhos nas mãos. Dentre a maioria já seca, alguns brotos ainda verdejavam, quais minúsculos resíduos da vida latente pela frente . 




A um deles, cuja delicada textura verde consegui surpreender melhor dentre o jogo de tons similares do bambuzal adulto, fiz uma pequena prece: que nos seja o exemplo do perdurar da esperança!