domingo, 28 de julho de 2024

O imaginario e a Tecnologia : Estranhar é preciso.

 A terceira palestra do Ciclo O Imaginario e a Tecnologia' na Unirio foi apresentada pela psicanalista Kátia Faissol, com o Titulo de "Estranhar é preciso " . Foi a mais psicanalítica palestra  até agora. 

Ela utilizou a música "Os Argonautas  de Caetano Veloso , inspirada em palavras  de Fernando Pessoa para apresentar a necessidade de estranhamento no desenvolvimento psíquico do individuo . Aqui, embasou-se no texto "O Estranho " de Freud .  

 O barco, meu coração não aguenta

Tanta tormenta, alegria
Meu coração não contenta
O dia, o marco, meu coração
O porto, não
Navegar é preciso
Viver não é preciso
Navegar é preciso
Viver não é preciso
O barco, noite no céu tão bonito
Sorriso solto perdido
Horizonte, madrugada
O riso, o arco, da madrugada
O porto, nada
Navegar é preciso
Viver não é preciso
Navegar é preciso
Viver não é preciso
O barco, o automóvel brilhante
O trilho solto, o barulho
Do meu dente em tua veia
O sangue, o charco, barulho lento
O porto, silêncio
Navegar é preciso
Viver não é preciso
Navegar é preciso
Viver não é preciso
Navegar é preciso
Viver não é preciso
Navegar é preciso
Viver não é preciso
Navegar é preciso
Viver não é preciso
Navegar é preciso

Viver... 


" Palavras de Pórtico" de Fernando Pessoa 

Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: "Navegar é preciso; viver não é preciso."
Quero para mim o espirito [d]esta frase, transformada a forma para a casar com o que eu sou: Viver não é necessário: o que é necessário é criar.
Não canto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torna-la grande, ainda que para isso tenha que ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.
Só quero torna-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso. Cada vez mais ponho na essência anímica do meu sangue o proposito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.


Associou o estranhamento à constante necessidade do ser humano de libertar-se da dependência que os fixa nas etapas primárias de seu crescimento como ser humano . De como este liberar-se pode ser doloroso e irreconhecível para esferas de nossa personalidade que  se apegam a antigos padrões de segurança psíquica.  

E, depois, trouxe à baila, o quanto o mundo informatizado e suas 'respostas prontas' dificultam este passo para o individuo .


O poder regenerador da Arte nestes dilemas foi a chave de ouro de sua bonita apresentação .


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