terça-feira, 29 de setembro de 2015

Qual o tempo da poesia?

Estou sem meu HD principal, onde armazeno fotos, imagens e ideias garimpadas ao acaso para serem aqui transformadas em intencao de leveza e significacao. Mas a Musa vem em meu socorro pois...

Todo o tempo é de poesia 

Desde a névoa da manha
ã névoa do outro dia. 

Desde a quentura do ventre
à frigidez da agonia

Todo o tempo é de poesia 

Entre bombas que deflagram.
Carolas que se desdobram.
Corpos que em sangue socobram. 
Vidas qu'amar se consagram. 

Sob a c;upula sombria das maos 
que pedem vinganca. 
Sob o arco da alianca 
da celesta alegoria.

Todo o tempo é de  poesia.

Desde a arrumacao ao caos
ã confusao da harmonia. 



Tempo de poesia de Antonio Gedeao. 


quinta-feira, 24 de setembro de 2015

A poesia de Setembro

A sabedoria suprema é ter sonhos bastante grandes
Para nao se perderem de vista enquanto os perseguimos.

                                                         William Faulkner




domingo, 13 de setembro de 2015

A chuva, a provisória reclusão e O Gigante Enterrado

Seres reflexivos amam a chuva contínua, a única capaz de trazer um resquício de frio ao nosso inverno bruxuleante e impor a quase obrigação de recolhimento aos dias em geral perambulantes ... Atmosfera propícia àquela leitura 'sem escalas' de um livro exigente e apaixonante.

Ademais, a chuva nos envolve em bruma úmida, similar  à névoa do esquecimento que assombra os personagens do magnífico O Gigante Enterrado de Kazuo Ishiguro.

Após dez anos sem escrever (desde o tristíssimo Não me abandone jamais),
agora o autor  remonta a um período mítico, na Inglaterra logo após o reinado de Arthur, onde os habitantes são assolados por uma névoa de esquecimento do passado. Um casal de idosos resolve sair da pacífica mas empobrecida situação em que vive, em uma aldeola bretã, à busca de um filho de que  mal se lembram. Logo, a jornada adquire proporções épicas, nos moldes das epopeias cotidianas que tão raro assumem aos olhos dos próprios agentes estas dimensões.

Entram em cena personagens cuja importância vai crescendo com a narrativa, como o guerreiro Wistan, o menino aprendiz Edwin e o antigo cavaleiro de Arthur, Sir Gawain. Monges e ogros, barqueiros tristes e mulheres desesperançadas permeiam as peripécias.  As sucessivas descobertas revelam - bem ao feitio  pessimista de Ishiguro - que, em uma terra que mal deixara para trás batalhas cruéis entre saxões e bretões, a única alternativa ao oblívio seria o profundo ressentimento. Também na vida privada, seria melhor o silêncio do que a lembrança, mesmo nos relacionamentos aparentemente mais amorosos. O moto que percorre esta longa digressão sobre memória, significado da vida e da morte seria, pois: "Remember everything, and you lose the ability to forgive."


Kazuo Ishiguro, japonês de nascimento,
naturalizado inglês 
Nosso interesse por este livro é , todavia, menos passivo do que o demonstram ser as várias críticas consultadas. Frisar uma situação ética e psicológica vigente, no que diz respeito ao enfrentamento íntimo do Mal (em termos de relações entre grupos e entre indivíduos) e a dificuldade do próprio autor em lhe dar solução menos convencionalmente trágica, não invalida a fonte de inspiração que a obra representa (lembremo-nos de Umberto Eco e sua célebre Obra Aberta). Além disso, as conjunturas  históricas, filosóficas  e psicanalíticas abordadas sequer estão confinadas a uma determinada época - a fábula que o autor constrói tem caráter de alegoria, donde é atemporal. A profunda melancolia que nos invade à medida que os melhores esforços dos personagens - que sem exceção, Ishiguro nos torna simpáticos (incluindo a dragoa Querig, que produz a névoa) - vão sendo frustrados em seus desígnios (bem intencionados e equivocados a um só tempo) nos diz de nossa similar perplexidade ante os eternos dilemas em torno da memória, do amor e da morte. Mas não seria este, de per si, um valor substantivo do livro? O de trazer à lembrança o tema da memória e suas ambiguidades, em época eminentemente de fugaz impermanência?

Para um primeiro contato com o livro, alguns minutos da leitura - em lindo inglês - de suas primeiras páginas, disponível no site de The Guardian
http://www.theguardian.com/books/2015/mar/04/the-buried-giant-review-kazuo-ishiguro-tolkien-britain-mythical-past:

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Feriados são sagrados

No Rio de Janeiro, os feriados revelam uma faceta da cidade silenciosa e serena: o bulício partiu, assim como os que o cultivam, e se é deixado, enfim, consigo próprio...com sua insuspeita e quiçá assustadora riqueza interior...



Às vezes é difícil reconhecer o presente para a alma que isto representa. Mais ainda quando o feriado coincide com o fim de semana, prolongando no tempo o hiato das horas ordinárias.  Prefere-se encher os dias seguidos sem compromissos prévios com tarefas ou distrações que encubram a difícil dádiva da quietude.  Nem sabemos com ela lidar: logo programamos 'por as leituras em dia', 'fazer aquela faxina' , 'aproveitar para ...' , 'encontrar com...',  viajando de um jeito ou outro para o mais longe possível das questões íntimas.

Talvez seja o último fim de semana de nosso breve inverno... Os cinzas macios favorecem o recurso  ao pensamento. A chuva esparsa, o quase frio , um abençoado recolhimento...


Mais um dia inteiro longo, energia em aberto disponível, se espraia diante de nós... Saibamos dele extrair a seiva pura da Vida, sem adoçantes, edulcorantes ou auto-impostos estimulantes. Essência laica do Sagrado.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Flagras carioca: carrinhos para bebês ... ou cães

Tendência, mimo excessivo, não poder deixar o Pet nem só um instantinho (principalmente para ele/ela poder acompanhar o/a(s) dono/a(s) no Shopping ou no restaurante)...


De qualquer maneira, para os donos de bichinhos domésticos, o carrinho parece super-fofinho...


... e ajuda a compassar o ritmo dos mais novos e dos mais velhos, para o passeio em comum ser ainda mais gostoso!