O pedaço esquecido de mim

Estou indo pro sítio. Vou tão pouco ! Há tempos atrás - quando a economia ainda vicejava - muito me perguntei se valia a pena gastar tanto para fruir tão pouco; conhecidos bem-intencionados insistiam para que o vendesse...

 "Tão pouco ?" pensei ? Em que termos? De tempo e dinheiro ? Devo fazer o usual cálculo baseado em 'relação entre consumo e investimento' tão presente na lógica consumista ?  E o significado que tem lá chegar, lá ficar - enfrentando desafios e gozando lazeres em tudo diferente dos urbanos? Acompanhar de perto as mudanças de estações , o crescimento, fenecimento , renascimento das plantas? O pasto se encher aos poucos das bezerrinhas novas, o surpreender um ritmo de vida que não foi o por mim escolhido (?) para reger meus dias.

Tantas possibilidades de nosso existir haveria e quão arbitrária, regida pelos desígnios do Inconsciente e das Vicissitudes existenciais, é a trilha que tomamos. Outras veredas poderiam ser as que nossos passos seguiriam...  de quantas temos sequer um vislumbre que , por si só, nos recorda as infinitas possibilidades que este Mistério em que navegamos nos apresenta!

Meu sítio, roceiro, discreto, secreto ! Meu pedaço esquecido de mim !!!  

A fruta do mês: fruta de conde

De todas as frutas que visitamos ela é  mais avessa a se deixar saborear senão em espécie fresca.


Pois seu interior é um almofadado de pequenas bagas estreitamente ligadas, cada uma contendo sua semente, cada uma constituindo uma delicada delícia solitária, a ser sugada de per si...

Para não deixarmos de lhe dar merecida atenção, aí vão suas propriedades medicinais e um seu aproveitamento seleto em uma bebidinha á la Bacco (ou caipirinha) .

Mas, para enriquecer-lhe a imagem, comparemo-la, desde os seus galhos nas árvores, ao fruto do pinheiro com que suas semelhanças são evidentes.

Pinha estilizada para propósitos decorativos
(observe-se sua semelhança maior com a fruta de conde)  

Aproveitando seu parentesco  - 'mutante, mutatis' - passaremos, agora, a conversar com as utilizações da pinha do pinheiro nas invenções dos homens...

Mão mágica dos romanos com pinha em um dos dedos. 

Para propósitos religiosos, vai do cajado de Bacco, à esquerda,
 àquele do Santíssimo Cristão Pontífice. à direita

Em função laica, começa por se impor na arquitetura, encimando pilares, edifícios e balaustradas. 

Mas é no reinado das artes menores que sua função decorativa ressalta, com o uso de múltiplos e preciosos materiais para ir da representação de um fruto à pluralidade de funções, de maçaneta, de lâmpada, de vaso...

  Qual o real modelo para estas graciosas cópias? Lavemos as mãos nesta imaginária polêmica !

... com um sabonete em forma de fruta de conde, of course... 

Dia das Mães-Lato-Senso

A todas as influências que nos nutrem do afeto e da instrução necessária para o nosso crescimento:  genitoras, mestras, grandes amigas...

 Ou seja, a todas as que nos ajudam a sair dos casulos e abrir asas para o amplo voo pela vida.

Amadurecendo os caquis temporões ...

Este post também pode ser chamado COMO AMADURECER OU TIRAR CICA DE CAQUI

Amo caquis e, embora prefira, eu mesma, os ir retirando pouco a pouco da fruteira da mesa da cidade á medida que amadurecem - como se os colhesse 'no ponto' de uma mágica cumbuca  redonda e de cristal - topei com esta dica de como tratá-los , em seu trânsito para a civilização, se os quisermos, logo, devidamente " !  

Se forem muitos os caquis e não estiverem  todos no ponto, o macete é : deixe-os quietos por três dias, depois de terem sido preparados para amadurecer igualmente.

Passo-a-passo:

1 - Pegue o caqui virado pra cima e, com uma faquinha “de ponta”, faça um furinho onde ficam as folhas.

2 - Pingue no buraquinho uma gota de vinagre.

3 - Recoloque os caquis arrumados em um caixote de papelão e feche-o. Deixe as frutas adormecerem dentro dele por 3 dias e pronto!

Boa degustação -  neste final da sua estação -  das nossas pedras preciosas vegetais!