sábado, 29 de outubro de 2016

Eleições para prefeito do Rio, dúvida cruel e um critério para a escolha

Realmente, eleitores conscientes e bem informados, estamos mal parados. O debate de ontem à noite entre os dois candidatos à prefeitura da nossa Maravilhosa, na TV GLOBO, só fez aumentar as dúvidas do 'menos pior' em quem votar. 

 

De um lado, a extrema direita, a ameaça fundamentalista, um sorriso pré-fixado no rosto. o azul do céu nas declarações de Crivella de ter feito muita caridade, um quê paternalista. Mas devo confessar que acabei por simpatizar mais com ele do que com seu oponente. 





A extrema esquerda à la Freixo exagerou em insistir em acusações pessoais e deixar de lado uma exposição mais afetiva, mais vinculada ao ouvinte-ser vivo,  de suas propostas. Nem sempre afetividade é igual a retórica vazia. Ele insistia um pouco demais em : "Tudo isto já foi dito em nosso programa de governo " . Aliás, o tom alaranjado- perto do vermelho  de sua fala rescendia muito a um apenas ligeiramente mais sofisticado populismo.  



Na dúvida cruel , apelamos para a  esperança de que o programa 'de um e as atitudes do outro em relação a uma causa que nos é cara, a da proteção aos direitos dos animais, nos ajudasse a uma decisão.  Recorremos ao que achamos na Internet  sobre o tema, que apenas reafirmou o que nos foi passado pela TV ontem. 

O blog do jornal o Dia , na sessão ‘É o bicho’ !(conforme referência completa abaixo) já havia   investigado  as propostas dos candidatos à prefeitura do Rio para a causa animal. 

 Diz-se, lá , adequadamente : "Os animais não votam por questões óbvias. Mas seus tutores, protetores e as pessoas que amam os bichos, sim. E, por isso, a causa animal merece um post especial aqui em tempos de eleição. Então, nosso assunto de hoje não poderia ser outro: propostas de governo dos candidatos à prefeitura do Rio para os nossos animais. Sim, eles são importantes e merecem atenção especial também.

O assunto nunca foi tão discutido como agora. Muitos vão dizer que isso é uma bobagem porque existem questões mais sérias a serem ditas, que dar tratamento especial aos animais é um absurdo, entre outras tantas opiniões contrárias à causa animal. Ok. Respeitar as diferenças é um dos nossos grandes desafios. Mas, é preciso lembrar que a causa animal é também é uma questão de saúde pública, portanto, interessa até mesmo a quem não é simpatizante da causa. Animais soltos e doentes pelas ruas transmitem zoonoses. Além disso, são seres que sentem dor, fome, frio, sede, amam e isso não pode ser ignorado."
Um questionário com as mesmas perguntas foi enviado pelo jornal  aos mesmo tempo aos candidatos, mas nem todos responderam, embora as questões tenham sido encaminhadas com antecedência.
 A assessoria do candidato Marcelo Freixo (Psol) respondeu - bem de acordo com sua posição geral quando indagado sobre  qualquer coisa  -   que o jornal fosse procurar as propostas no plano de governo dele, donde estas são reproduzidas  aqui em formato diferente dos outros candidatos. São , pois, propostas explicitadas no programa de Freixo para a causa dos animais :

- Transformar o Jardim Zoológico do Rio em um centro público de reabilitação, conservação e pesquisa da fauna nativa;
- Ampliar a rede de hospitais veterinários públicos, aumentar os centros de esterilização e garantir programas de castração móvel no município;
- Criar programas de acolhimento de animais resgatados de abandono e maus-tratos e promover campanhas de adoção;
- Criar um sistema de informações voltado para o combate aos crimes contra os animais;
- Proibir a eutanásia e o uso de câmaras de gás em animais sadios ou com doenças tratáveis.
A propaganda a respeito  repete o já dito no programa de Freixo a respeito , conforme cartazes em anexo.  

Boas propostas mas realmente teríamos gostado de ouvir o que ele teria a dizer em plano menos teórico, respondendo às perguntas que nos pareceram mais diretamente inspiradas em questões práticas importantes para os que apreciam os animais. Esta desatenção não foi cometida por Crivella, que , assim como outros entrevistados, candidatos à prefeitura na ocasião, aceitaram participar deste diálogo mais próximo com o público interessado no tema. 
 As propostas de Crivella para a causa animal, respondendo ao questionário enviado  pelo jornal O Dia estão abaixo:

Marcelo Crivella quer promover a causa animal com foco em educação ambiental. O candidato lembra ainda que maltratar e abandonar animais é crime e quer fazer campanhas para informar à população sobre as leis que regem a causa.
- O senhor tem projetos para a causa animal? Quais?
O mais importante é cumprir as leis de proteção aos animais, promover campanhas de adoção e programas de esterilização de animais abandonados, além de muita educação ambiental. Abandoná-los ou maltratá-los é crime federal. A primeira missão da prefeitura é fazer uma campanha para conscientizar e alertar a população, explicar a legislação para todos. Podemos usar nossas escolas e contar com nossas crianças para multiplicar essa consciência em todos os lares. Vamos também estudar outros projetos. Temos recebido sugestões para criar um Hospital Veterinário e uma delegacia especializada. Vamos ouvir quem entende do assunto. Espero contar com a ajuda da coluna “É o Bicho”, conhecida pelo carinho e seriedade com os animais.
- A causa animal não é apenas um capricho de quem gosta de bichos, mas também um problema de saúde pública. Há muitos deles abandonados pela cidade, como no Campo de Santana, no Centro, e no entorno de áreas mais pobres, o que coloca em risco a vida dos cariocas. O que fazer para cuidar desses bichos?
Além de punir quem abandona, temos que atuar na prevenção, reforçando a vigilância nesses espaços para coibir essas ações. A Guarda Municipal, que hoje só multa, tem que ser mais participativa no policiamento do Campo de Santana e de todas as praças e jardins. Os animais que estão nas ruas devem ser cuidados, e a prefeitura precisa atuar mais próxima de ONGs e entidades que já realizam esse trabalho. Precisamos apoiar a Suipa, que sofre com atrasos no pagamento de salários, falta de comida.
- Esse abandono é ainda maior nas favelas, até porque os moradores não têm dinheiro para os devidos cuidados, como a castração, que é um procedimento simples e que resolve o problema da super população animal. No entanto, sabemos que a maioria das comunidades é dominada pelo tráfico, violenta e, por isso, de difícil acesso. Como fazer chegar a essas comunidades os serviços de atendimento aos animais sem colocar em risco a vida dos profissionais?
A prefeitura falhou ao não levar serviços essenciais a esses locais. Não levou saneamento, não levou coleta de lixo, saúde, assistência social. Não adianta achar que cidadania é só ação de polícia. A segurança é importante, mas tem de ser acompanhada por outras ações. A nossa atuação nesses locais será ampla. O combate ao tráfico deve ser feito pelo estado, pelas UPPs, para que os serviços da prefeitura possam chegar com segurança a quem mais precisa. Entre as ações, certamente estará essa questão dos animais.
- A prefeitura tem uma secretaria de proteção animal que pouco faz pelo tema. Como melhorar o trabalho dessa pasta ou acabar com ela e criar uma nova estrutura na prefeitura para atuar na causa?
Precisamos trabalhar com uma máquina pública enxuta. Seria precipitado da minha parte dizer que vamos cortar essa ou aquela secretaria sem antes mergulhar nos detalhes da real situação da prefeitura. O importante não é ter uma secretaria cheia de cargos comissionados, mas ter um sistema que funcione efetivamente. Precisamos, acima de tudo, ter uma política, com diretrizes e metas. E, naturalmente, fazer de tudo para cumprir os objetivos. Na verdade, houve uma inversão total de valores por parte do prefeito. Ele criou uma série de secretarias para loteá-las com cargos comissionados para seus parceiros políticos ao invés de trabalhar para resolver os problemas sobre os quais elas deveriam se dedicar. Veja a questão da proteção do animal por exemplo. É uma questão de natureza transversal – envolve saúde, ordem pública, educação etc. A pessoa fica achando que sabe quem deve procurar na prefeitura para tratar do seu problema, mas suas demandas nunca são atendidas porque as demais secretarias (aquelas que realmente têm instrumentos para resolver os problemas) não a tratam com a prioridade que devia.
- A Suipa tem problemas e dívidas que se arrastam há anos, e a situação da entidade piorou agora com a morte, em agosto, da então presidente da instituição Izabel Cristina. Como ajudar à Suipa e também os inúmeros abrigos espalhados pela cidade, como a Fazenda Modelo?
A prefeitura precisa manter contato permanente com essas instituições e ajudá-las no que estiver ao nosso alcance, sendo sempre transparente e cuidadosa com a gestão do dinheiro público. Essas entidades têm um trabalho fantástico de doação, de amor pelos animais. Precisam ser valorizadas e reconhecidas. Queremos nos unir a elas. Quanto à Fazenda Modelo, precisamos valorizá-la com mais recursos e uma gestão mais eficiente, especialmente o Centro Clínico e Cirúrgico.
- De todos os seus projetos listados aqui, quais são os principais para serem executados em quatro anos de mandato?
Seremos vitoriosos se, ao fim do nosso mandato, tivermos contribuído para aumentar e fortalecer a consciência da população sobre a necessidade de cuidar bem dos animais, que são nossos melhores amigos. Esse é o nosso maior objetivo, mas precisamos intensificar os programas de adoção e esterilização de animais, fazer mais parcerias com instituições voltadas à proteção e defesa deles e promover junto ao MP (Ministério Público) um trabalho de visitas e vistorias técnicas regulares a essas instituições para verificarmos como os animais estão realmente sendo cuidados. Quem vai cuidar das pessoas, tem que também cuidar dos melhores amigos delas!

 Naturalmente, Crivella , em sua propaganda, ao lado da informação sobre sua  atuação concreta no Senado a favor dos animais (ver abaixo) , apela para o lado sentimental do 'amor aos bichos" . Mas, convenhamos, quem gosta mesmo de bichos não se deixa incomodar muito por isto !


Ação efetiva em curso pró-animais de Crivella:

Proposições legislativas

Assegurar a proteção à vida e ao bem-estar dos animais em todo o país. Esse é o objetivo do Estatuto dos Animais, previsto no projeto de lei do Senado (PLS) 631/2015, de autoria do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), em tramitação na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). O texto também estabelece infrações e penalidades para quem desrespeitar as normas do estatuto.
Combater os maus-tratos e toda forma de violência, crueldade e negligência praticada contra animais e garantir proteção contra sofrimentos desnecessários, prolongados e evitáveis são algumas das propostas do estatuto. Prevenir doenças como raiva ou sarna e promover a melhoria da qualidade ambiental como parte da saúde pública, também é um dos objetivos do projeto.

Bem-estar

O texto reafirma o direito ao bem-estar dos animais e estabelece os cuidados que toda pessoa física ou jurídica deve ter, quando tiver um animal em sua guarda, como fornecer alimentação e abrigo adequados; assegurar que não existam circunstâncias capazes de causar ansiedade, medo, estresse ou angústia e prover cuidados e medicamentos sempre que for necessário e quando constatada dor ou doença.

Punições

A pessoa ou empresa que infringir essas regras ou causar maus-tratos poderá ser advertida, ou perder a guarda do animal por tempo determinado e até ser proibida de ter outro animal. Além disso, também poderá receber multa que pode chegar a R$ 10 milhões, a depender do tipo de negligencia ou violência e da situação econômica do infrator, e ser preso por no máximo dois anos.
O projeto propõe a alteração do artigo 32 da Lei dos Crimes Ambientais (Lei 9.605/1998), para definir a nova pena.
Para Crivella, a sociedade tem se mostrado intolerante aos maus-tratos, a exemplo das discussões envolvendo o uso de animais em pesquisas cientificas ou em testes de medicamentos ou cosméticos, o que causa sofrimento e danos desnecessários aos animais.
— Já é hora do país ter uma legislação que impeça a dor, o sofrimento e a lesão moral aos animais. Países como Alemanha, Áustria e Estados Unidos, por exemplo, já legislam há muito tempo sobre a matéria — argumentou.
O projeto aguarda parecer do relator na CCJ, senador Antonio Anastasia (PSDB-MG).
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)


Crivella também se demonstra mais engajado, pessoalmente, no assunto, Veja-se : 

Compromisso pessoal de Crivella pró-animais.

 "Durante recente visita a um abrigo em Pilares, na Zona Norte, o candidato da coligação Por Um Rio Mais Humano, Marcelo Crivella, apresentou suas propostas para a proteção dos animais e, em seguida, fez um corpo a corpo na Rua João Ribeiro, a principal do bairro:

– Quero o apoio de todos que amam os animais. Vamos criar um hospital público para cuidar dos nossos bichos, uma farmácia popular voltada para animais e lançar um concurso público para contratar cuidadores de animais – afirmou Crivella, destacando pontos do seu programa de governo para o setor.

Crivella assumiu o compromisso de fazer um acompanhamento mais humano antes e depois das cirurgias. E lembrou ser autor, no Congresso, do Estatuto dos Animais, que tem como principal objetivo prevenir maus-tratos a animais, como os que puxam carroças e os que participam de brigas em rinhas.


– Vou entregar a proteção aos animais nas mãos de pessoas que trabalham na área. Não vou fazer como a gestão atual, que usou o cargo para acordo político. A nossa maior riqueza é saber tratar e cuidar dos animais – afirmou Crivella."

Naturalmente, fomos procurar na Internet alguma foto dos dois candidatos com seus animais de estimação pessoais. NADA !!! Ponto perdido para a estratégia de Crivella. Freixo, claro, poderia alegar nada ter a ver com o programa de governo dele exibir seu animal de estimação, seria 'demagógico" . Ponto perdido também. Os que amam realmente os animais, a ponto de terem como critério de escolha em uma eleição votar no candidato que melhor defende os seus direitos,  têm ao menos um exemplarzinho felpudo, penugento, cascudo ou aquático em sua casa... E não acreditam nas promessas de quem não trata sequer de  um!  

Portanto, ai de nós, de novo ! Ó dúvida cruel !!! Será a anulação do voto a minha única opção coerente para comigo mesmo/a? Que triste dia !!! 

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