Sábado amanheceu azul e dourado, quente e sereno.
Acordei revigorada e fui tomar café no restaurante das janelas do qual se vê o rio passando lá embaixo ...'Desjejum' farto com tudo no capricho, inclusive o café coado na hora...
Depois fui conhecer o rio , cujo ressonar macio embalara meu sono ...
Devo passar por uma pequena horta orgânica com espantalho para atingir os dois poços , ambos bem próximos de minha cabana do Picapau.
O primeiro poço, ensolarado, era o da Horta, No dia luminoso e claro que fazia, fiquei lá um pouco mais de uma hora antes que outros hóspedes fossem se aproximando...
Parti , então, para o vizinho Poço Sombrio. Envolto em sombras das árvores que o abraçam, ele foi um refrigério de sossego e frescor. Na água transparente, cardumes de peixinhos me cercavam e me senti na pele mutante de uma nereida preguiçosa ...
Fiquei tempos esquecidos imersa nas águas até o almoço deliberadamente tardio, às 14 hs, ; comida excelente, prato do dia, pescadinha com preparo gourmet . E de tarde, fiquei flanando pelos espaços do jardins do refúgio, tanta coisa pra ver, em volta e perto !
Há a preocupação de preservar a herança finlandesa da proprietária anterior : veja-se o fogãozinho antigo de lenha (tenho um similar no ´sitio) , a corujinha feita de palhas e o galinheiro, com vocação também ecológica. O espaço para os ninhos e os ovos fica dentro de uma casinhola estilo suíço, com jeito de lar para as felizes aves...
insuspeita surpresa para as crianças .
Devem ser raras em local tão propício a casais e a
solitários andarilhos sonhadores
Mas imagino que seriam também crianças cismarentas e pensativas, cheias de imaginação, estimulada , aliás, pelos livrinhos no interior da casinha e sua pequena varanda debruçada sobre o rio...
Como em todos os espaços merecedores de registro, também aqui um pequeno cartaz preserva sua atemporal presença, qual arquivo da memória da rica múltipla colonização que criou a identidade brasileira.
E, marca da renovação, que assegura a perenidade do legado, uma sauna a vapor deliciosa , é a versão contemporânea da sua ancestral. Foi pra lá que me dirigi, após tal 'passeio no meu jardim adjacente'.
A própria sala do vapor tem janela para o verde e mesmo em meio à fumaça úmida podemos vislumbrar este 'patch of green'. o que nos estimula a nela permanecer por período maior, para dela usufruir seus melhores efeitos.
Para tal contribui a sala de descanso anexa. Quando a temperatura se torna escaldante, após o choque de uma grande ducha fria, no cômodo ao lado, um descanso e um copo de água refrescante no intervalo, nas chaises longues, nos permite voltar ao vapor e seus benefícios para a saúde...
Também deste cômodo cômodo, a repousante paisagem natural é acrescida do vôo dos pássaros, eternizados no vidro das janelas...
O jantar foi truta seguido de applestrudel com creme Chantilly ; da janela, a ponte iluminada que interliga a entrada do Hotel á sala de refeições era uma réplica imperfeita dos vagalumes e estrelas que enfeitavam a noite ...
Tive muito o que escrever em meu Diário de Viagem ! Um dos locais em que o fiz foi na mesinha da minha varandinha...
Outra vez, um sono longo e profundo seguiu-se a este vagaroso e longo dia...
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