segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Amadamata II

 Continuando meu relato de minha estadia no Hotel Amadamata (ver postagem anterior).

Sábado amanheceu azul e dourado, quente e sereno.   

Acordei revigorada e fui tomar café no restaurante das janelas do qual se vê o rio passando lá embaixo ...'Desjejum'  farto  com tudo no capricho, inclusive o café coado na hora... 

Depois fui conhecer o rio , cujo ressonar macio embalara meu sono ...  

Devo passar por uma pequena horta orgânica com espantalho para atingir os dois poços , ambos bem próximos de minha cabana do Picapau. 

O primeiro poço, ensolarado, era o da Horta, No dia luminoso e claro que fazia, fiquei lá um pouco mais de uma hora antes que outros hóspedes fossem se aproximando...



Parti , então, para o vizinho Poço Sombrio. Envolto em sombras das árvores que o abraçam, ele foi um refrigério de sossego e frescor. Na água transparente,  cardumes  de peixinhos me cercavam e me senti na pele mutante de uma nereida preguiçosa ...




Fiquei tempos esquecidos imersa nas águas até o almoço deliberadamente tardio,  às 14 hs, ; comida  excelente, prato do dia,  pescadinha com preparo gourmet . E de tarde, fiquei flanando pelos espaços do jardins do refúgio, tanta coisa pra ver, em volta e perto  !  

            Muitos cantinhos, privilegiando a agua abundante, com denominações sugestivas ... 

Há a preocupação de preservar a herança finlandesa da proprietária anterior : veja-se o fogãozinho antigo de lenha (tenho um similar no ´sitio) , a corujinha feita de palhas e o galinheiro, com vocação também ecológica. O espaço para os ninhos e os ovos fica dentro de uma casinhola estilo suíço, com jeito de lar para as felizes aves... 
 


Uma casinha na árvore é uma 
insuspeita surpresa para as crianças . 
Devem ser raras em local tão propício a casais e a 
solitários andarilhos  sonhadores 


Mas imagino que seriam também crianças cismarentas e pensativas, cheias de imaginação, estimulada , aliás, pelos livrinhos no interior da casinha e sua pequena varanda debruçada sobre o rio... 

Outro local guardião da tradição são os remanescentes da antiga sauna finlandesa... 

Como em todos os espaços merecedores de registro, também aqui um pequeno cartaz  preserva sua atemporal presença, qual arquivo da memória da rica múltipla colonização que criou a identidade brasileira. 

 E, marca da renovação, que assegura a perenidade do legado, uma sauna a vapor deliciosa , é a versão contemporânea da sua ancestral. Foi pra lá que me dirigi, após tal 'passeio no meu jardim adjacente'.

Talvez tenha sido a primeira vez que me permiti curtir todas as etapas deste tipo de sauna sem qualquer pressa. 

A própria sala do vapor tem janela para o verde e mesmo em meio à fumaça úmida podemos vislumbrar este 'patch of green'. o que nos estimula a nela permanecer por período maior, para dela usufruir seus melhores efeitos.

Para tal contribui a sala de descanso anexa. Quando a temperatura se torna escaldante, após o choque de uma grande ducha fria, no cômodo ao lado, um descanso e um copo de água refrescante no intervalo, nas chaises longues, nos permite voltar ao vapor e seus benefícios para a saúde...   

Também deste cômodo cômodo, a repousante paisagem natural é acrescida do vôo dos pássaros, eternizados no vidro das janelas... 



O jantar foi truta seguido de applestrudel com creme Chantilly ; da janela, a ponte iluminada que interliga a entrada do Hotel á sala de refeições era uma réplica imperfeita dos vagalumes e estrelas que enfeitavam a noite ... 


Tive muito o que escrever em meu Diário de Viagem ! Um dos locais em que o fiz foi na mesinha da minha varandinha... 

Outra vez, um sono longo e profundo seguiu-se a este vagaroso e longo dia... 

                                            





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