terça-feira, 30 de março de 2021

Os jardins enclausurados

 Logo antes de recomeçar o novo fechamento parcial do Rio, fui fazer um exame de sangue em Botafogo. E, na volta dele, passei em um dos jardins antigos desse bairro tradicional: o da Casa de Rui Barbosa. Aproveitei para fazer uma visitinha a este bonito ambiente, que fica meio fora de mão para meus trajetos usuais . Talvez em função do momento pelo que estamos passando, entristeceu-me ver a residência rodeada de jardins sufocada entre prédios cinzentos e feiosos. 

Mesmo assim, ela conserva sua beleza e elegância de dois séculos atrás; seus jardins nos dão um exemplo de como era possuir um pouco de verde na cidade e de que forma era concebido o seu variado  usufruir. 

Logo à entrada, há um mapa que nos facilita o trânsito dentre as alamedas e canteiros bem tratados. 


Começo pelo Jardim Lateral  onde pontifica um lindo pé de Abricó de Macaco. 





Dali saindo para o Jardim Privado - que é um grande jardim íntimo  nos fundos da casa -  passa-se por um quiosque gracioso. 






Este trecho do jardim  é enfeitado, também,  por pequenos lagos, em
torno de árvores especiais como lichias e pau brasil.












Dali, segue-se para a pérgula ou latada que originalmente , no século XIX, era muito comum nos quintais, para fornecer  sombra e frescor às caminhadas dos moradores e visitas por seu retiro particular ao ar livre   


Infelizmente, as latadas - que na casa de Rui eram suporte para um parreiral -  estão vazias de folhas e flores e frutos . Nas construções da época, elas  remetiam ás antigas vilas romanas, onde o "ambulatio'' formava um caminho protegido destinado a percursos meditativos. 


Acabamos nosso perambular por onde em geral se começa, o Jardim Social , um jardim em estilo romântico , entre o gradil da rua e a casa. Ali, no caramanchão tranquilo, uma babá e o bebê em seu carrinho reforçavam a continuidade do legado do grande orador  á sua cidade! 

  
Resiste, pois, este  fragmento verde de aconchego e sossego, resquício de  tradição e poesia, por entre os maciços blocos de cimento urbano que o circundam !  




quarta-feira, 24 de março de 2021

O recrudescimento da Pandemia ... e da bagunça caseira

 Quando, umas poucas semanas atrás, a pandemia parecia encolher-se no horizonte, dispus-me a procurar uma nova empregada doméstica. A minha antiga  fiel assistente Solange , de tantos anos, parara de trabalhar, por motivo s de saúde, logo antes da pandemia . Eu  não a havia substituído até agora por conta das precauções do isolamento social. Mas começava a pensar no caso. 

Eis que a virótica situação se agrava novamente e a bagunça reinante na minha casa piora exponencialmente. Em meio a minhas correrias com os estudos, clinica, sítio, compras e o incipiente preparo de refeições sem graça, cheguei a acumular um indescritível amontoado de coisas  no quartinho de guardados dos fundos, que aqui registro, com certo desconforto, para me animar a uma futura postagem regeneradora pós-sua-arrumação . 



Eu vou arrumando as coisas super-aos-poucos, um pedaço da cozinha aqui, a área acolá; a pia, limpo em um dia: o chuveiro , em outro. 


Também não tenho muitos motivos para me comprometer com uma faxina mais entusiasmada. O carpinteiro já recebeu metade do dinheiro da obra e ainda nem sinal dos novos armários de cozinha ! Tanta coisa quebrada em casa a endireitar! Entre elas, os tacos do chão do  quarto que se soltaram - conserto adiado continuamente por meu handman local ! 

Para me animar a tentar manter as coisas mais arrumadinhas (já que não está dando para encomendar um tapete novo - o anterior  esgarçou geral de tão velho ! -    para meu quarto) comprei uma passadeira pequena macia e  gostosa e a coloquei ao lado da cama,  para ao desta descer meus pés encontrarem seu conforto , antes de acharem os chinelos. 


Quem sabe consigo assim manter ao menos este pedacinho de chão no capricho ? 

A esperança - no que diz respeito a projetos sublimes  e também aos banais - é a última que morre ! 

 


quinta-feira, 18 de março de 2021

Soul Food rural e urbana

 Em momentos mais sofridinhos, uma comidinha gostosa aquece o coração com carinho ... E compartilha-la, dar e receber este prazer, também! 

Meus caquis do sítio - tão incrivelmente macios e doces !  - se acumulavam na geladeira. Tive a ideia de fazer pacotinhos, em que deles ofertasse uma seleção dos mais verdes aos mais maduros aos amantes urbanos deste puro deleite rural... sempre deixando assinalado aquele quase explodindo de cor e sabor , no ponto certo para o seu perfeito degustar... Foi bom também receber o entusiástico elogio dos vizinhos presenteados! 

E acrescentei um lacinho ao pacotinho e recebi da minha amiga rural-urbana  Vera, que vinha de sua fazenda vender seus produtos na cidade, em troca dos caquis de sua infância, uma goiabada cascão homemade ecológica, em gentil retorno . 

E uma amiga citadina teve a delicada atenção de guardar para mim uma fatia de um sofisticado prato gourmet, oriundo de uma sua comemoração familiar recente. O famoso - e delicioso ! - bife Wellington! 


 Depois de um dia corrido de trabalho, nada melhor que desfrutar  , na mais estrita simplicidade do lar, o acepipe sofisticado, só disponível  em restaurantes raros ou sob encomendas complexas !  

Obrigada por estes escambos de valiosos afetos, queridos e queridas ! 


terça-feira, 16 de março de 2021

Hiatos entre intervalos

 Continua difícil para mim conciliar mundos; o rural e o urbano, em especial . Mas também os deveres  profissionais e os domésticos, o cultivo da mente e um mínimo de cuidados para com o corpo e por aí vamos...

Assim , ás vezes, fico um pouco imobilizada, ganhado forças para o próximo passo.  Entremeando símbolos a meu redor com cansaço. preguiça e um não sei quê de apatia, enquanto no Brasil, a  crise do Corona vírus recrudesce ... 

Os caquis do sítio foram arrumados , como sempre, como se os colhendo da árvore eu estivesse,
 quando tiro da caixote grande e passo para as cumbucas de madeira os mais maduros,.. antigo ritual de tentativa de aproximar os dois universos   

  Morgana , minha gatinha, está muito dengosa comigo. Tão pouca atenção eu lhe dou no dia-a-dia! Ela anda muito aconchegada e seu torpor me contagia... 




 

Da janela do meu quarto, no Rio - precisando tanto de uma reforma, para quando eu tiver tempo! - vejo a floração da árvore a seu lado , que cresceu muito , ´pelas frestas da veneziana e da rede de proteção ,,, 

E me lembro, já com saudades, da ampla visão que tanto amo de meu açude e depois dele 
 e antes dos pasto, da fileira de ciprestes e da montanha com a floresta ...



Tão lindamente enfeitados, nesta época do ano, pelas quaresmeiras em flor !!! ]]