Logo antes de recomeçar o novo fechamento parcial do Rio, fui fazer um exame de sangue em Botafogo. E, na volta dele, passei em um dos jardins antigos desse bairro tradicional: o da Casa de Rui Barbosa. Aproveitei para fazer uma visitinha a este bonito ambiente, que fica meio fora de mão para meus trajetos usuais . Talvez em função do momento pelo que estamos passando, entristeceu-me ver a residência rodeada de jardins sufocada entre prédios cinzentos e feiosos.
Mesmo assim, ela conserva sua beleza e elegância de dois séculos atrás; seus jardins nos dão um exemplo de como era possuir um pouco de verde na cidade e de que forma era concebido o seu variado usufruir.
Logo à entrada, há um mapa que nos facilita o trânsito dentre as alamedas e canteiros bem tratados.
Começo pelo Jardim Lateral onde pontifica um lindo pé de Abricó de Macaco.
Dali saindo para o Jardim Privado - que é um grande jardim íntimo nos fundos da casa - passa-se por um quiosque gracioso.
Este trecho do jardim é enfeitado, também, por pequenos lagos, em
torno de árvores especiais como lichias e pau brasil.
Dali, segue-se para a pérgula ou latada que originalmente , no século XIX, era muito comum nos quintais, para fornecer sombra e frescor às caminhadas dos moradores e visitas por seu retiro particular ao ar livre
Infelizmente, as latadas - que na casa de Rui eram suporte para um parreiral - estão vazias de folhas e flores e frutos . Nas construções da época, elas remetiam ás antigas vilas romanas, onde o "
ambulatio'' formava um caminho protegido destinado a percursos meditativos.
Acabamos nosso perambular por onde em geral se começa, o Jardim Social , um jardim em estilo romântico , entre o gradil da rua e a casa. Ali, no caramanchão tranquilo, uma babá e o bebê em seu carrinho reforçavam a continuidade do legado do grande orador á sua cidade!
Resiste, pois, este fragmento verde de aconchego e sossego, resquício de tradição e poesia, por entre os maciços blocos de cimento urbano que o circundam !