segunda-feira, 31 de maio de 2021

Casa Cor 2021 no Jardim Botânico

 Agora que muitos de nós estamos vacinados - e já passaram-se os 15 dias depois da última dose - podemos , muito sutil e cuidadosamente, por nossas cabecinhas para fora e começar a frequentrar lugares mais públicos de novo. 

Que melhor forma de fazê-lo , iniciando  nossas andanças pelo Mundo por um lugar bem próximo, no nosso Jardim Botânco, em um sítio que congrega Natureza e Arquitetura, Tradição e Inovação em proporções admiráveis ?

Estou falando da mansão na rua Lopes Quintas que abriga a exposição Casa Cor neste ano de 2021! 

Quantas vezes, passeando ao longo dos quatro altíssimos muros brancos, ocupando todo um enorme  quarteirão, fantasiei o castelo de contos de fadas que existiria atrás dele, envolto em magníficos jardins. 

Finalmente, estes encantados portões nos são franqueados  ! 



Surge a oportunidade de adentrar estes territórios  e vislumbra o casarão de 200 anos de múltiplas fachadas  - construído ele mesmo sobre ruínas da Casa sede de uma antiga fazenda de café - e ir aos poucos tomando conhecimento de sua história diligentemente repetida  pelos muitos e atentos monitores que nos orientavam a visita a cada cômodo, decorado por um arquiteto especifico. 

Segundo a romântica narrativa , um belo, rico e cultivado  casal sem filhos se dedicou a fazer da mansão o um refúgio de amigos interessantes e obras de arte - inclusive arquitetônicas e com ênfase às sacras - raras , caras e muito preciosas. Com sua morte, não obstante todo o seu  legado ter ficado, em Testamento,  para uma instituição de arte sacra,  a edificação em si estava abandonada e talvez desatualizada  em termos de impostos etc. A Casa Cor deu uma repaginada geral em muitos destes aspectos.

 Mas não se sabe se , como os proprietários o desejavam, a residência será mantida como em sua vida. por enquanto, as obras de arte confiadas a outras instituições têm seu retorno a seu lar em suspenso.   

Os arquitetos e decoradores que participaram  da Casa Cor deste ano souberam muito bem conciliar o Antigo e o Novo através do  Passado preservado e valorizado pelo Contemporâneo, substantivamente mantendo presente a  Natureza - através de seus  exemplares vegetais  e de sua representações artísticas - desta forma mantendo vivo a vibrante o Espírito original da residência.  

Alguns flashes destes  belos ambientes : 



Os salões de estar e de música  

Com a ilustração de como
era o ambiente original 
Uma fotografia , com tema clássico,
tratada de forma a aparentar pintura a óleo 

Em vários  cômodos da área social da casa  houve ligeiras alterações de função.

  O espaço à esquerda que era um atelier transmutou-se em biblioteca. 
A área ao final da biblioteca, em pequena saleta de leitura e estudo  

A antiga biblioteca abriga seleta pinacoteca 

São muitos os recantos intermediários de convivência 
que conduzem às
inúmeras varandas 
Uma belíssima escada de jacarandá
conduz ao andar de cima e aos quartos  


Observem-se os quadros com motivos de natureza,
em especial o em forma do tradicional espelho oval,
sobre a cômoda, na foto  abaixo 

Dentre os diversos espaços para o dormir o das crianças estava particularmente gracioso, com sua sugestão de selva, tão consoante ao espírito da exposição. 

Os banheiros eram um capitulo à parte de originalidade, luxo, conveniência ! 


E na antiga Capela, com teto belíssimo trazido de igreja em outro estado, serve de adorno privilegiado a um novo espaço de fruição estética , no térreo. 




Lá fora, entre o verde e o a trilha sonora dos cantos dos pássaros, um adorável Jardim Secreto... 






Finalmente, vejo o outro lado do belo frontão
 por sobre o portão principal da Casa, que  tanto me havia
 intrigado a curiosidade ao longo dos anos ... 


A exposição deve terminar este fim de semana! 
Realmente, vale a pena uma visita !!!! 





 







sexta-feira, 28 de maio de 2021

A velha árvore

 À minha Mãe

A velha árvore tem quase cem anos. Mais precisamente noventa e seis ciclos de estações transcorreram , entre rigores de invernos e o florescer de sempre inéditas primaveras...

A velha árvore começa a tombar. Seu espírito mantem-se altaneiro e alerta e suas folhas filtram a água da chuva com contínua alegria e sabedoria. 

Mas seus galhos não suportam mais o peso de quase dez decênios de tarefas ! 

A velha árvore gosta de lembrar que seu altivo tronco sempre serviu de escada para quem dela  quisesse fruir a sombra gentil e compreensiva da copa.

Mas agora, o antigo aliado vacila e as ramagens devem ser sustentadas por amparos estranhos à sua natureza independente . 

Seus esteios eleitos são todas as extensões de madeira nobre, que brotaram de sua seiva durante a vida inteira. Agora  sua identidade se nutre da própria coragem de olhar para a finitude à frente, sem temor, com a consciência de que o ideal presente em seu cerne mais intimo se multiplicou a seu redor . em palavras e atos. 

A velha árvore  cochila e sonha que as raízes que compartilha com  a Terra deixam um legado de sua história  mais perene que sua verdejante corola.   

E assim , para além de seu destino iminente, ela se perpetua em Dignidade e Beleza. 


 

 

sábado, 22 de maio de 2021

Pomar da Lagoa

 Em minha busca de achar sintonia entre o urbano o e o rural, envolvi-me com o bonito projeto que se propõe a plantar árvores nativas do Brasil - grumixamas,  ingás, sibipirunas, carambolas, jambos, seringuelas, mangas ubá, graviolas, guabirobas, abius amarelo - pelas amplas calçadas que separam pistas de trânsito  em volta da Lagoa Rodrigo de Freitas.

Foi um segunda etapa de um movimento de que eu já participara no ano  passado, devidamente postado, então,  neste blog. Os dois, fronteiriços a meu querido bairro do Jardim Botânico,. 

Foram horas agradáveis , mexendo com a terra e palrando com espíritos afins, em uma longa manhã fresca e azul de nosso outono carioca...

Ajudados pelos jardineiros  da prefeitura, executávamos as tarefas da jardinagem tais quais encher os buracos, previamente cavados, de terra adubada , e a seguir  pisotea-la para compacta-la , ao redor da muda.
 


Depois, utilizar adubo foliar nas folhas e nos troncos e  enfeitar os canteiros com mudinhas de flores ao redor dos jovens  troncos. Toas as mudas, adubos etc,  nos foram fornecidos pela Prefeitura 
Neste processo, muita gente interessada neste cuidado amoroso com  nossa cidade veio participar 
 
Como Nelci e Heitor, veteranos membros da AMA-JB 
aqui apontando para uma frutinha carambola já brotando em seu arbusto ...

 
Outros moradores do JB, como minha antiga vizinha de infância Verinha e
e Alda, a esposa de meu ex-professor de francês Gilles, compareceram 

Um deste vizinhos, que eu não conhecia, Eduardo, tem o adorável hábito de criar mudinhas destas

árvores nativas  na área de seu apartamento e, depois delas crescidas e fortes,  sair plantando-as pelas estradas e terrenos vazios por onde passa, espalhando beleza e  frescor pelas áreas maltratadas  da cidade  

Vieram vizinhos de outros lugares da cidade como Stella da Ama-Ipanema ao lado.E eu soube de muitas outras várias outras iniciativas do gênero, com a do Arboreto Utbano - a conferir. 
 
Enfim , um projeto  conjunto do departamento de Parques e Jardins da Prefeitura, em consórcio com a sociedade civil do Rio de Janeiro,  que vale a pena deixar registrado !!! 









  

domingo, 16 de maio de 2021

O imponderável perfume das damas da noite

Quisera poder registrar de forma mais permanente - por fotografias , por exemplo - uma das mais envolventes e elusivas manifestações da Beleza da natureza : o perfume . 

E , além desta sua característica sensorial ser tão  fugidia, o aroma das flores depende de seu espocar imprevisível - cada vez menos atado às estações do calendário - e à duração de  sua existência sempre tão rápida... 

 Então foi muito bom, no último fim de semana, eu ser recebida no sítio, nos canteiros em volta da varanda, por exuberantes damas da noite em vésperas de seu florescer.  

Elas só começam a se abrir depois de anoitecer. Eu estava tão cansada , no dia de minha chegada, que nem levantei da cama  de noite para apreciar-lhes mais de perto a doçura. Mas maviosas ondas de seu cheirinho envolvente se infiltravam pelas paredes  de madeira de meu quarto e me acalentavam o sono...

Nas segunda e terceira  noites, fiquei no terreiro a seu lado, sob seus galhos pendentes, pesados de tantas petalazinha alvas entreabertas, por longuíssimos minutos, esquecida de todo o resto do mundo.  

E , ao amanhecer, enquanto o perfume se apagava junto com a aurora,  ia me despedir dos raminhos frágeis, onde os mini-sininhos de neve ecoavam o frescor da quase geada  da madrugada que também se dissolvia no gramado...