Vinha sendo anunciada uma exposição em que telas de Claude Monet seriam projetadas em sequência pelas paredes - assim nos parecia prometer a propaganda - do lindo Museu do MAR na parte renovada da velha parte do Centro da Cidade , na zona do Porto . Prometia-se uma 'imersão' na obra do artista. .. Fantasiamos percorrer as salas onde antiga e moderna arquiteturas tão bem convivem e , graças a artifícios eletrônicos, de alguma forma atravessarmos labirintos onde percorrêssemos , por dentro delas, as paisagens do pintor francês, ao som suavíssimo, talvez , de ecos dos sons da natureza ali por ele representada.
Neste anseio de ver a arte intermediando o encontro entre o urbano e o rural (pois foi na casa na campagne de Monet,em Giverny, que as célebres ninfeias foram pintadas) compramos por Internet - aliás, o site funcionava mal, o que nos obrigou a várias tentativas infrutíferas para conseguir os ingressos - as entradas. Animava-nos a ideia de que seria limitado o número de pessoas a poderem entrar em cada sessão , ainda mais tendo em vista o recente recuo da Pandemia do Covid.
Ledo engano !!!!
Talvez não tivéssemos lido bem as propagandas. Na verdade, trata-se de uma tenda de 15 metros de altura ,com uma estrutura de mais de dois mil metros quadrados, instalada no Boulevard Olímpico, na Região Portuária .na Gamboa, na Rua Venezuela. Na estrutura de mais de dois mil metros quadrados, pretende-se propiciar a vivência de 285 obras licenciadas do pintor projetadas em painéis com sete metros de altura. As pinturas são apresentadas em sequências de animações digitais 2D e 3D. A exposição utiliza tecnologia de ponta para criar criar uma uma experiência multissensorial em 360º . Essa é considerada a maior exposição multimídia de Monet do mundo em duração.
O nome da exposição "Monet á beira d'água" pretende destacar que a água é o seu tema central e que a 'imersão' proposta se daria por este viés. Seus oito eixos temáticos corresponderiam a um roteiro á beira d'água em busca de paisagens que mudam com atmosfera e pintadas por ele nas margens de rios, mares e lagos, indo do jardim de Giverny a Londres. Amsterdã e Veneza e outros lugares.
Mas o que vimos, foi um ajuntamento de pessoas andando e apontando, suas sombras negras projetando-se por sobre as fotos do artista e o som de suas conversa e dos gritos das agitadas crianças presentes sobrepondo-se à musica de fundo, aliás, a nosso ver mal escolhidas, pois atuais e não ecoando os motivos dos quadros.
A relativa exceção foi a série de quadros sobre o mar , onde ao menos a trilha sonora realmente nos remetia aos fragor das ondas do oceano...
Sob o ponto de vista de nosso grupo de pesquisas, nem de longe esta popularização através de recursos digitais- ou melhor diríamos , tradução em forma de entretenimento ? - da obra de Monet atinge qualquer nível de impacto na alma que seria de se esperar fosse produzido por uma real imersão na obra de um grande artista...
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