Quando decidi me filiar à associação de criadores Jersey, imaginava um futuro mais ameno para o meu pequeno Copérnico. O inspetor da raça jersey que foi fazer a verificação da fidedignidade da raça do bezerrinho nesta minha subida mais recente - ótima pessoa com que tenho tirado muitas dúvidas por celular , desde que planejava comprar a Amanda - , tirou-me qualquer ilusão a respeito.
O inspetor Arlei veio de Minas, ficou hospedado por uma noite lá em casa - logo que chegou vi sua estreita filiação com o agronegócio e a rede de inseminação artificial bovina através de seu carro - e me explicou muitas coisas.
Inclusive como Copérnico não pode ser um reprodutor jersey só em função de sua origem pura. O seu sêmen teria que ser avaliado se era devidamente precioso (segundo critérios comerciais da tal companhia que vende semen de alta qualidade), através de exame genético específico , a ser feito até ele ter um ano de idade (caro, por volta de R$1.500,00) . Se considerado "good enough" a única forma de ganhar algum dinheiro com seu sêmen, 'devidamente legitimado " pela tal companhia, seria uma associação com a dita cuja, para cujas instalações , Copérnico seria levado em caráter definitivo. Lá, seria alojado em uma confortável baia - até com pequeno pasto privado - e induzido a fazer sexo o tempo todo com uma vaca , por cuja vagina artificial (mas bem parecida com a real, macia e quentinha) seu semen seria desviado e coletado. Continuamente. Sêmen - no caso - é dinheiro.
Além desta existência super-restrita, ele teria apenas uns cinco anos de vida, dado o sobre esforço de transar sem parar, quando é uma raça longeva , que pode durar mais de vinte anos. E não há outro jeito de aproveitar o sêmen 'oficialmente'. Fico tiririca e me disponho a a desafiar o sistema, deixando , no futuro , o Copérnico transar livremente com vaquinhas várias. O Arlei me adverte de que ele pode pegar doenças e ameaça de ele vira um touro brabo , achando melhor extirpar seus chifrinhos desde novinho !!!
Arlei ainda declarou que nenhuma de minhas vaquinhas podia ser classificada oficialmente como sequer PA (= pura por aparência ). São misturadinhas demais, minhas caipirinhas Mococa e Mocoquinha. Se a Mococa - recentemente inseminada com semen sexado jersey legítimo - tiver uma menina , esta pode ser considerada PC (= pura por cruza). Os meninos estão fora desta classificação, só os PO (puros de origem de pai e mãe) contam .
Mas Arlei foi uma pessoa legal, tendo uma certa delicada paciência para com meu critério 'humanístico ' de cuidar dos meus bichos por outro viés. Até me deu um adesivo de jersey e jersolanda de Minas, que colei em meu carro, só de charme.
Tem outros inconvenientes de se ter vaca de raça. Para dar mais leite come mais, ração cara. E mesmo que queiramos menos leite, não podemos prescindir da ração, ela foi tão programada geneticamente que emagrece se não tiver este extra, para tentar dar mais leite para o bezerro.
Dr. Fabiano, que foi lá no dia seguinte, concordou que a Amanda estava mesmo meio magrinha , queera melhor adiar um pouquinho sua inseminação .
Enquanto isto, ignorante de sua condição de 'vira-lata ' bovino - sim , a raça evidente de meio-holandês de Malhadinho não o libera desta " pecha" - , ele e o amiguinho Copérnico (também salvo do gongo de ter seus chifrinhos extraídos pelo nosso veterinário ) continuam a brincar pelo pasto. Moises secunda o dr. Fabiano em achar que não vai ter problema nenhum eles crescerem juntos como dois tourinhos (não pretendo castrar nenhum dos dois), não vão brigar nem nada.
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