segunda-feira, 30 de maio de 2022

A volta dos chazinhos informais com os amigos

 Uma das coisas boas do final da Pandemia - e do isolamento social a ela associado que , intimista como sou, não me afetou muito - foi a volta dos chazinhos com amigos.   

Claro que situações como celebrações de nivers e datas festivas consagradas como tal já  retomam seus espaços públicos e privados . 

Mas gosto mesmo é daquele impulso  espontâneo do  "vem aqui em casa tomar um chazinho", com a mesinha posta com capricho doméstico, os comes e bebes  improvisados com o que se tem na geladeira - ou comprado na  padaria mais próxima. O que importa é o prazer do encontro e botar o papo - o mais sério, mas também o super-leve ! - em dia.  

Quando calha de ser perto do dia de aniversário de uma das participantes da modesta ágape, então, a conjunção astral fica perfeita !! 

Ao longo dos muitos anos de nossa amizade, minha querida Sue - por destino ancestral hospitaleira, pois nascida sob as estrelas de Touro - tem-me aberto suas casas (já que mudou de endereços) para  me oferecer este cantinho de carinho traduzido em seus termos mais sensoriais .




   E de cada lado de nossos mundinhos particulares, vêm as confidências de sonhos e receios palpitantes no presente, reminiscências comoventes ou engraçadas do passado, e projetos urbanos e rurais pro futuro.   


.Este tipo de bordado a quatro mãos de um detalhe colorido nas teias que compõem as nossas vidas é um privilégio das antigas Amizades ...  



 

quarta-feira, 25 de maio de 2022

O Gambá Fantasma e os cuidados na transposição do urbano ao rural

 Um dos móveis da mamãe que levei para a sala de jantar do sítio ficou particularmente bem decorado; em suas estantes expostas alternaram-se peças delicadas de porcelana da mamãe  - um joguinho de chá mirim era meu brinquedinho de infância - e recordações minhas de viagens ou presentinhos que recebi há muito destinados a tal endereço ....



Entretanto, me foi vivamente recomendado, no ambiente rural que habito, não deixa-lo ao longo de minhas ausências assim a descoberto. 


Afinal, amiúde minha casa  serve de refúgio para gambás, que graciosos que sejam na natureza, podem criar prejuízos sérios dentro de ambientes domésticos, trotando ao longo das prateleiras  e reduzindo louças a caquinhos !  

Assim, dentre os lençóis trazidos para proteger isto e aquilo, organizo uma cobertura para envolver  todo o móvel, quando eu não estiver por lá, que sirva de proteção a estas peças de  decoração mais citadina ...


Fico na dúvida se gosto desta solução . tem um quê de castelo inglês, que só quando visitado - meio que apenas em temporadas de estio -  pelos lordes e ladies, é despojados dos panos que encobrem as mobílias. E eu quero , para o  meu sitio,  a informalidade viva de meu 2º (talvez em breve 1º) lar ! 

Também não me agrada colocar portas de vidro dividindo a visão da disposição dos adereços: talvez tenha de substituir estes objetos mais finos por outros mais rústicos. Há toda uma caixa deles que anda extraviada ; acho que veio para minha casa ao invés de para o sítio...

Enquanto isto o Gambá Fantasma - bichinho que, na real,  só vislumbrei uma vez  escapando de minha varanda o mias rápido que podia - continua entretendo minha imaginação campestre, sendo capaz das estripulias atribuídas pelo folclore ao Saci Pererê !!!  






segunda-feira, 23 de maio de 2022

Compondo acordes de múltiplas memórias

 A transposição da maioria dos móveis e objetos de casa de minha mãe para o sitio foi acompanhada  daquela de muitos guardados em  minha própria casa, há decênios, semi escondidos em armários de guardados  empoeirados.  Dentre eles,  alguns remetem a resquícios de meu há tantos anos findo casamento. Imagine-se a carga afetiva de harmonizar todos estes símbolos , respeitando e realçando as suas características estéticas. 

Um destes ajustes mais sutis foi no conjunto de quadros que reuni por sobre o novo /antigo sofá da sala do sítio . Havia já lá dois muito simplesinhos, com cenas de natureza alpina, gravuras de papel enquadrado em tirinhas de madeira, que vieram com o sitio e que, não obstante sua fragilidade, tem-se mantido intactos nestes trinta anos.  Estão nas extremidades superiores do arranjo, a floresta escura e a colina de grama repousando por sobre o céu azul...


Os dois quadrinhos das extremidades de baixo representando gnomos se divertindo e vêm da história ancestral da família polonesa de meu ex-marido. Foram desenhados por um tio avô excêntrico e há algo de vagamente sinistro no contraste dos rostos dos minúsculos velhos folgazões com as paragens sombrias e/ou estranhas em que eles se deslocam. Recordam-me as imensidões desconhecidas das estepes eslavas e de seus pinheiros selvagens, cultura mágica que tão pouco nos é vizinha ...

Já os dois quadrinhos do meio, no alto e embaixo,  eu os havia trazido da Inglaterra, quase quarenta  anos atrás  e eles viviam escorregando para baixo de um sofá, mal equilibrados em uma mesinha lateral encostada à  parede, escondidos por almofadas por ali  extraviadas, em meu escritório do Rio . São também seres elementais: no de cima,  fadas quase  infinitesimais  quais poeira, flutuam no Ar rarefeito refletido e confundido com as Águas de um lago; no de baixo,  por sob/entre as raízes  de uma velha arvore , outros elementais pertencentes à Terra agitam-se, ninfas ambíguas, anões de cabeças enormes e pernas fininhas carregando crianças (humanas ou também fantásticas ?)  ,  


Esta parede  é um dos elementos mais antigos da casa do sitio, era a parede do  paiol original que sustentava a estrutura da construção de então, quase  uma meia- água , separando-a do solo do terreno desnivelado. Tanto que se uma parte da parede fica sempre úmida, infiltrada pelo barro macio de parte do solo adjacente, logo a seu lado outra parte da mesma parede é pura rocha. 


Para conseguir compor as memórias acima, foi preciso uma potente furadeira  e o jeitinho do Maicol para conseguir escavar  um buraco para o prego no lugar certo. 


Outro recôncavo de memórias comovente , foi a redisposição dos quadrinhos que haviam enfeitado meu quarto de criança e que  mamãe sempre lamentava ' terem-se extraviado' no apartamento que agora habitava  Na verdade, nós os encontramos, ao lhe desmanchar a casa,  em uma estante alta no quarto de empregada, entre guardados mofados  e restos de materiais de construção. 



Ei-los à luz do dia e do Mundo das Lembranças, de novo !   

Mas se toda esta revisão tem um lado de  resgate e e encanto, também têm provocam diferentes tipos  de saudades e nostalgias que cortam meu coração !!! 

Deixemo-lo repousar por hoje ...





domingo, 22 de maio de 2022

As agruras do sobre-esforço

 Sobre-esforço é um conceito psicológico e até místico essencial  : é reputado como um movimento de corpo e alma que vai além do esforço pela mera sobrevivência e que levaria a transformações relevantes  no espirito do  Guerreiro praticante  . Mas o que ocorre quando  este repetido comportamento - expresso em várias facetas intimas e práticas -   quase  chega a conflitar com  um mínimo de harmonia e reflexão (que devem acompanhar tais exageros)  indispensáveis para propiciar-lhe o alcance a uma Vida mais ampla e significativa ?

Não tenho tido tempo sequer  dos quatro  registros semanais - deslocados, é claro, ao longo  do mês vigente - a que me tenho proposto durante os já consistentes anos de existência deste meu blog discreto, símbolo erradio de minha evasiva abertura para o mundo público. 

Hoje venho só registrar que no Sobre-esforço cotidiano, precisamos conjugar a potência e a coragem para agir, a altivez serena do Leão e a leveza, a graça, a sutileza das apreensões rápidas  da Gazela,  faze-los companheiros de Jornada, no atravessar o deserto dos períodos  mais desafiadores de nossas existências. 


Desejem-nos sorte, caros amigos desconhecidos e visitantes casuais deste  blog !!!