Assisti meio que ocasionalmente parte do preparo do cerimonial que se seguiu à morte da rainha Elizabeth II da Inglaterra , após 70 anos de reinado, ao longo das significativas vicissitudes que compuseram o tão mutante século XX e seus reflexos e suas rupturas com o século XXI. De vez em quando me detinha no canal BBC que transmitia, de forma quase ininterrupta, tais preparativos e a longa fila de cidadãos que queriam dar um último adeus à sua rainha, em espera que durava até 24 hs.

Gosto de homenagens aos princípios e aos valores que, de uma maneira ou outra - e não obstante os possíveis equívocos neste caminho - , zelam pela preservação do que foi adquirido durante o processo civilizatório em prol da Humanização de nossa espécie. Aprecio - nas margens da veneração - tudo que remeta ao conceito - atualmente tão vilipendiado - de Honra e de tudo que nele está implicado de cortesia e de respeito à alteridade dos outros seres sencientes.
Agora de manhã cedo, acompanhei um pouquinho, o translado do caixão da rainha, envolto em impressionante cortejo, de onde o seu corpo estava sendo velado para a Abadia de Westminster. Ou seja, de tão distante e de forma tão ignota, estive um pouco presente a um dos momentos do cerne de suas exéquias; em sua etimologia , a palavra representa "seguir junto ao corpo daquele que se foi, em forma e em meio às honras que lhe são concedidas neste seu último trajeto na Terra " .
Muitos deveres me serão impostos nesta semana que via ser muito ocupada.
Assim, quais flashes, registro os momentos que mais me tocaram...
O cortejo com o ataúde o para em frente à abadia de Westminster onde a rainha foi coroada e casou.
 |
Em sinal de respeito todo o seu féretro baixa a cabeça
|
Muitas bem escolhidas perspectivas do interior da abadia ressaltam a sua magnifica arquitetura gótica
 |
A coroa, o cetro e a esfera de seu poder temporal acompanharam a Rainha até o final da cerimônia |

Após o solene soar das trombetas , um minuto de silêncio em todo o pais.
O cortejo sai da abadia e circula pelos principais pontos cívicos de Londres
 |
Enquanto os canhões trovejam... |
 |
... guardas da Cavalaria Montada do Canadá encabeçam a comitiva |
Depois o cortejo segue em direção a Windson, ' castelo residencial' da rainha e por ela muito amado .
Nota particularmente comovente neste trecho foi a presença, nele, de seus animais mais queridos.
Em especial de sua égua Emma predileta, de 24 anos , que , em uma brecha entre as fileiras que ladeavam a estrada, ao lado de seu tratador Tery Pendry, de 72 anos, veio também dizer adeus à sua dona.
 |
A rainha a havia montado pela última vez no dia 18 de julho deste ano, logo antes antes de ir para Balmoral. |
 |
Alguns de seus cachorrinhos , igualmente, ali estavam ... |
Na cidadezinha de Windsor , o carinho de seu povo esteve sempre a seu lado ....
E , um pouco distante dali, em seu iate, um gaiteiro escocês lhe rende homenagem .
Na capela do palácio de Windsor, antes das mais reservadas despedidas da família , a ultima cena que nos é apresentada é também do gaiteiro escocês, que , segundo a tradição, acompanha a alma do falecido em seu traslado entre os mundos ...
Boa viagem cara Rainha !!!