sábado, 30 de dezembro de 2017

Ano Novo: preservando a Tradição da suspeita de obsolência

Sempre brincando de estender a simbólica dos objetos para além de sua denotação imediata, vamos rever por este prisma o recente encerramento do sinal analógico para aparelhos de televisão,  no Rio de Janeiro.

Saudosistas de plantão - como a que vos fala - conservam com carinho aparelhos elétricos dos velhos bons tempos em que estes eram realmente feitos para durar a vida toda. Assim, no meu consultório, eu tenho um aparelho de TV de tubo, marca Mitsubishi, comprado em 1972, com garantia, então, até o ano 2000. Alguém acredita nisto ?

Mais incrível ainda, o dito cujo funciona até agora, perfeitamente! As velhas antenas, devidamente estendidas, capturam muito bem , com o auxilio de um novo aparelho de decodificação, o sinal digital. 



Ao testar o controle remoto, até as pilhas, embora já não mais funcionassem, estavam em ótimo estado. Perfeitas, com a marca original nítida, não haviam vazado.  Foi só substitui-las por pilhas novas no controle intacto!

Quem lembrar da Eveready, a pila do gato, com sete vidas como ele ? 
Para  melhor apoiar a antena , agora conectada ao decodificador,  descubro outra relíquia de quem tem consultório há muito-muito tempo : notinhas de cruzados novos , que , semitransparentes sob um copo de plástico, numa das cores psicodélicas dos anos 80, contribuem para se ir da obsolência à modernidade com charme de vintage !


Feliz ano novo para todos sob este signo amável de preservação, renovação e mesmo, com boa vontade, imortalidade de tudo que é de Qualidade !!!


domingo, 24 de dezembro de 2017

Natal: entre o final da Primavera e o início do Verão

Dentre as diversas formas de perceber a data, escolhemos hoje a  que  a situa, tradicionalmente, entre as duas estações que exprimem o reinício das esperanças do florescer, a Primavera, logo após o inverno  e o deflagrar  do tempo da plena vitalização da energia solar, o Verão - equivalendo quase precisamente ao mítico período do Solistício.

Como cariocas da montanha, ilustremo-lo com flashes do jardim de rosas do nosso amado Jardim Botânico.
  No inicio de setembro, o antigo completamente  abandonado roseiral apareceu coalhado de pontinhos  coloridos, botõezinhos de roseiras  recém-plantadas, a terra nua muito evidente, bastante adubada, efervescente de boas intenções .




Agora, no meio de  dezembro , a maioria  das mudas vingou e  está crescendo... 
Dos mesmos pontos de vista  de onde foram tiradas as fotos anteriores , nota-se um espoucar  de criativa desordem verde e marron, as mudas sugando a energia do solo com maior avidez. 


Em flashes esparsos e mais próximos , aqui e ali, o futuro roseiral começa a tomar forma



 Que todas as sementes por nós todos plantadas, na fímbria ainda de algum recente inverno da alma, germinem, poderosas, e se transformem em plantas adultas , fortes, perfumadas, encantadoras...

São estes os nosso votos  de Natal para os amigos cariocas da montanha !!! 

domingo, 17 de dezembro de 2017

Final feliz de ano letivo no 4F

Talvez alguns novos  investimentos profissionais - ligados, por uma proposta de divulgação internética,  a nosso projeto 4F (ainda deixo esta sigla envolta em certo mistério) -  me obriguem, no ano vindouro, a descerrar mais um de meus usuais véus de discrição on line.  Assim,  venho parabenizar o seleto grupo piloto de estudos, que tem comigo revisto e re-interpretado a obra freudiana , há já quase cinco anos, pegando carona nas congratulações de todos nós ao nosso caçula Victor, por sua recente entrada em um curso de Mestrado, na Fiocuz, minha alma-mater acadêmica.



Dois de nós não estavam presentes nesta ocasião festiva. Deixo aqui em aberto sua inclusão fotográfica, em paralelo,  neste registro (a partir de fotos suas que me enviem , quando puderem, se quiserem ) . Mas não quis perder o impulso e a oportunidade de ser este um ótimo pretexto para um tipo de exposição que ainda me é um pouco estranho,  associado às usuais  comemorações da passagem de ano. 


Felicidades para você, neste seu ingresso mais oficial  no universo acadêmico, querido jovem parceiro. E que seu entusiasmo nos convide a reinvestir  nossa energia de  pesquisa em espaços mais públicos, em adição àquele em que já habitamos,  exclusivamente  privado,  adorável oásis, que, entretanto, não pode se tornar confinado, passível de ser confundido com área de conforto .        .

domingo, 10 de dezembro de 2017

Planos para ano novo em dezembro: expandindo discretas fronteiras

Dado meu perfil básico ultra-intimista, sempre apoiei mas pouco participei de programas do tipo comunitário, como me engajar mais concretamente em atividades como colocar cartazes com propostas civilizatórias  na nossa rua.

Isto mudou no sábado passado, quando me envolvi bastante na criação e colocação dos ditos cartazes na minha ruazinha tranquila ( a princípio ) do Jardim Botânico. As próximas etapas estão em gestação...

Abaixo, segue  uma fotinha ambiguamente otimista , já que o nosso parceiro nas boas intenções, o funcionário Milton, exibe , num saquinho , resíduos caninos deixados no canteiro recém-adornado com os cartazes.  Advertência que procura ir além da constatação da incúria para focar no resultado positivo futuro.

Quem sabe somos bem sucedidos em criar um espírito comunitário em nossa rua ?

domingo, 26 de novembro de 2017

Planos para ano novo em novembro: prosseguindo um novo projeto (desenho)

Não havia sequer pensado em retomar meu interesse pelo desenho no início deste ano...

Mas, agora tornou-se algo importante. Por várias razões, tanto de cunho mais pessoal - merecer a aprovação de meu Mestre, que é exigente - como de nossa pesquisa psicanalítica, onde a nova metodologia da Art Based Research começa a ter um lugar instigante.

O Bandeira havia dito que, em três meses, eu teria aprendido a "Ocupar o papel" e, fico feliz dele ter acertado tanto no prazo, já que , sob esta ainda restrito aspecto, mereci sua aprovação, pela primeira vez, de meu último desenho.

Aí vai o resumo das três aulas de que dispomos para praticar a cópia de cada  pose do modelo .



Na primeira aula,
'marcamos' a figura,
tentando reproduzir distâncias  e proporções corretamente.




Na segunda aula, pela primeira vez, ao acabar, comecei a fazer o sombreado.


E, ao final da terceira aula, aí vai o resultado !  


Pequenos progressos para um artista de verdade,. 

Uma alegria grande para mim !!! 


terça-feira, 21 de novembro de 2017

Afã de crescer

Em pouquíssimo dias, a vergônea ressurgida da plantinha de meu quarto cresceu em ritmo desmesurado. Mal deu tempo de pegar um pauzinho na rua para apoiá-la e ela já se atira, suicida, rumo à luz que vem da folha da janela que lhe decepou a ponta um mês atrás... 



Ainda tento uma estratégia de direcionar seu entusiasmo em se desdobrar para cima, enquanto busco outra solução de apoio... mas sei que tenho vigiá-la uma vez por dia, no mínimo,  enquanto isto.  Tão rápido ela se espicha por sobre si mesma.

Desconfio que seria capaz de vê-la crescendo se fosse paciente o bastante para isto... 

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Trepadeira crescendo de novo

Em menos de um mês, quão rápido tem sido o restabelecimento da minha trepadeira ! 

Brotações eclodem em todas as pontas de caules possíveis

Dos dois lados da vergônea que foi quebrada,
duas novas  vergôneas emergem 

E no toquinho menor, as novas folhas
surgem maiores, como já maduras desde o início !
Quantas metáforas da realidade da recuperação das feridas da Vida são possíveis !

domingo, 12 de novembro de 2017

Ascensión, arte e natureza

A artista plástica Ascensión Chanqués inaugurou, na sexta-feira passada, sua mais recente exposição de escultura e pintura, muitas vezes ecologicamente inspirada, no gracioso Parque do Martelo.




Na  rua
Miguel
Pereira nº 41, no tranquilo Humaitá, surge a pequena reserva natural, semi-escondida entre dois edifícios.

No portão, o cartaz da exposição.




Vamos subindo pelas aleia sinuosa e, a nosso redor, até a casinha de bonecas infantil segue o estilo rústico e despretensioso. 



De sua estrutura faz parte uma árvore vicejante .





Parece saída de um conto de fadas.


Um conto de fadas adulto nos espera dentro da casa de exposições um pouco acima, várias vezes mais encantador do que o das crianças.


Logo na saletinha de entrada - e o jardim lá fora é qual mais um quadro vivo na parede - duas das obras prediletas da autora, "Olhos d'água"

 Como Ascensión nos explica, borboletas só bebem água 
onde esta não está poluída, o que acresce singular idealismo 
às duas belas  pínturas em acrílico. 

Na saleta ao lado, o panorama é menos otimista. 
"Desmatamento" 

"Igarapé"
 Embora, é claro, a interpretação de cada um possa mitigar a dureza do tema. Em "Igarapé" , a textura da terra cultivada à esquerda , ricamente marron e coalhada de pequenos símbolos de plantação e colheita, permite que a percebamos como aliada e não opositora ao verde maciço da floresta do outro lado do rio.


Ainda no quesito pintura - abaixo, duas de minhas favoritas com este motivo - Ascensión também faz parte do clube dos amantes  de gatos, seus modelos em telas e cartões.

(ao lado, uma amostra da ampla  variedade dos cartões, pelo convidativo preço de R$ 30,00 cada)


"A Gata Azul" - modelo: Luna 

Detalhe cativante: os bigodinhos da Gata Azul são autênticos:
foram coletados do chão e colados na tela. 

"Gatos". Modelos: Louro e Juca

Também as esculturas denotam a sensibilidade apurada da artista. Agradam-me , particularmente, as em  esbelto aço inoxidável, com movimentação e senso de equilíbrio perfeitamente adequadas a sua intenção expressiva.


Complementando-se uma à outra, 
acima "Pas de Deux" e abaixo "Capoeira".
Observem-se os delicadíssimos 
pezinhos e mãozinhas, em duplos pares, 
acima ou abaixo , e o disco oval ,
qual sustentação da coluna , 
no ponto médio de equilíbrio das formas.   

Também, na mesma linha de estilização elegante, uma das "Cadeira" da artista, abaixo mais à direita e . à esquerda, sob a janela, "As Fases da Lua" (aproximem para ver melhor).  


Outros trabalhos compõem ainda a variada exposição como...

                                                               ... "Formas" ...


 Ascension ( á direita) e Yara, que nos acompanhou, gentilmente,
no esclarecedor percurso através da imaginação da artista. 
Imperdível para almas refinadas 

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Projeto do ano novo em outubro: acompanhando podas e brotações

Sou muito amiga dos projetos. Posso afirmar que a tessitura - consciente e engajada -  de  novos e renovados projetos tem acompanhado meus dias. Os "grandes" - ligados à profissão, a decisões como mudar (ou  conservar - e consertar - , como no caso do sítio) de casa, e a relações afetivas significativas - impõem-se por si próprios. São os 'pequenos'  - começar e manter uma dieta, uma rotina de exercícios, dar continuidade  (às vezes aos trancos e barrancos) a um blog - que nos desafiam.

E , dentro deste teor, talvez  uma boa ideia seja seguir , passo a passo, com espírito de observador, as vicissitudes de uma planta antiga, que foi podada e já começa a passar por percalços e surpresas boas em seu renascimento (ver postagem anterior) . Há aí também , para quem ama o simbólico como eu, uma metáfora fundamental das dificuldades e alegrias relacionadas a nosso processo contínuo de crescimento.

Ver acima da cabeça do gatinho
 a tentativa infrutífera de remendo
Custei um pouco a conseguir o galhinho de madeira para que a vergônea que brotara da minha plantinha do quarto nele se enroscasse. Com cuidado, enquanto isto, a redirecionava em outra direção, cada vez que podia, para que, em seu crescimento acelerado - notava-se diferença em questão de horas ! - ela, ao estender-se em direção à luz que vinha de fora , não ficasse presa e quebrasse na folha da janela , que abro e fecho com certa frequência.

Meu descuido provocou que este desastre acabasse por acontecer. Tentei consertar o fragilíssimo longo elegante caulezinho com fita dúrex, o que não funcionou. Que grande tristeza! Só quem tem a sensibilidade apurada para as pequeninas coisas sabe do quento dói ver um pedacinho de um ser que renascia, próspero, morto, por causa, inclusive, de um desleixo seu. Quem curte plantas de paixão também pode me entender.



Fiz o melhor que pude semi-sepultando o pedacinho para que ao menos adubasse a terra-Mãe.  E espero que o caule-matriz volte a lançar outra brotação, bem em breve.




Ao mesmo tempo, uma alegre surpresa. A outra muda, que eu também havia podado e parecia completamente seca, voltou a brotar ! Tenho outra chance de ser mais cuidadosa !

Ver a folhinha mínima e tenra
 no meio do caule 'seco' vizinho. 
Em breve, cenas dos próximos capítulos. A Força da Natureza está a nosso favor !!! 


segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Poda e brotações

Precisei podar severamente a trepadeira que há muito tempo se enroscava  na corda de um sino que pendia de minha janela do quarto, para colocar a rede de proteção. Na verdade, a quase totalidade da planta já estava morta. Fiquei triste vendo os dois toquinhos que sobravam, um ainda com folhinhas, o outro completamente seco.

Para minha alegria, o galhinho ainda vicejante  começou a renascer logo. A vergônea expande-se  rápido demais e é  um prazer a cada dia, constatar seu veloz crescimento.


Pequenos milagres do cotidiano ! 

domingo, 15 de outubro de 2017

Três gatinhos...Dois gatinhos...

Uma notícia triste, que venho adiando desde há mais de um mês...Diz respeito aos meus gatinhos do sítio...

Depois que a rajadinha fora dada e o branco e preto sofreu morte súbita, no dia em que seria recambiado para o Rio, o pequeno filhote amarelo Huguinho escafedeu-se de tal modo que foi impossível capturá--lo. Esta fuga à última hora repetiu-se outra e outra vez. Sua própria "dona" no Rio , que havia até posto telas nas janelas para recebê-lo, respeitou seu impulso de ficar no campo. E seu apego, maior à medida que ele  crescia, à vida ao ar livre e à mãe e irmã mais velha, pressagiavam uma má adaptação a um ambiente urbano, mais restrito .



Minha pequena família felina, no sítio, ficara, assim, composta de uma tríade adorável, inclusive na composição de cores, em  tons diversos de cinzas, negro, branco e amarelo. Adorava vê-los por perto e esta foi uma das últimas fotos que tenho deles.


Apesar de castrada, Chamego, a minha gatinha adotada, a mãe de todos, a única que gostava de ficar no colo, foi passear no mato - como fazia cada vez mais - segundo rumores atrás de um gato branco, e não voltou mais. Os filhotes que a haviam seguido, retornaram  dois dias depois. Ela,  não.
E não mais foi vista...




Agora os dois gatinhos, muito unidos, dividem uma vocação doméstica e outra selvagem. Na vez seguinte ao sumiço da mãe em que subi ao sítio mal os vislumbrei de passagem para comer na varanda e bocejar um pouco depois. .

Da última, como chovia, ficaram o tempo todo por perto, dormindo comigo na cama...

Huguinho - ou Lilinho, como a caseira o chama - é medroso e arredio.  

Vive agarrado à Ron- Ron, como fazia com Chamego-mamãe. 

Ron-Ron é corajosa e relaxada. Bem mana maior com o caçulinha!

 
   Que meus dois gatinhos sejam felizes e os Deuses dos Bichos os preservem em suas incursões à  Floresta. Quem disse que a liberdade não tem riscos? 

Mas  assim também é para todos os que , dentre nós,  querem sair dos confinamentos e abrir corpo, mente e coração aos belos, ferozes e múltiplos caminhos da vida.