quinta-feira, 9 de junho de 2022

Fragmentos de beleza em meio às exigências das mudanças pra roça

 Todo mundo sabe que ter um sitio dá muito trabalho . Em especial quando é um sitio na roça, que quer produzir 'um pouquinho de tudo', só pra suprir algumas necessidades alimentares de sobrevivência, para o proprietário na cidade e para o caseiro e sua família, em justas medidas. Se formos  uma alma sensível às belezas da Natureza , em suas expressões mais silvestres e naquelas mais cultivadas, outras dimensões de alegrias e preocupações , de ordem estética e sentimental, são acrescentadas àquele lado mais pragmático   

O sitio situa-se em  um espaço intermediário entre a fazenda - que é administrada por gerentes e/ou capatazes e pretende gerar lucro (por mais democraticamente repartido que este seja) -  e a casa de campo, que visa - mantendo presente certas demandas por conforto e comunicação dos espaços urbanos -  só o  fruir do  prazer do ambiente campestre. Pois o sitio é um microcosmo em si mesmo, entrelaçando o melhor e o mais desafiante destes dois mundos. 

Nesta postagem, vou apresentar fragmentos de algumas destas experiências -  omitindo as fotos de várias relevantes , conforme também tentarei descrever  - colhidas durante minha mais recente ida ao sitio, no fim de semana passado, estendido até a última terça-feira .  

Foi mais uma subida corrida, em meio a muita coisa a fazer na cidade,  e preocupada em continuar a arrumação da casa, implicando , inclusive , em receber marceneiro para consertar pequenos defeitos nos móveis mais velhos já existentes ou trazidos recentemente do Rio, assim como trazer um móvel novo, dentro do meu amplo propósito de mesclar memórias significativas , Cidade e Campo nas suas Fronteiras (que é o nome do meu sítio) , Passados (reminiscências ) e Futuro (projetos) no presente .

Sempre que chego, cansada da viagem de quatro horas, as flores do mês me saúdam, em volta de casa.

Neste mês, foram as dos vasos pendurados pela varanda, não lembro seu nome. E na janela do meu quarto , uma flor que parece um arbusto de margaridas debruçava-se sobre a garagem ...


E é sempre gostoso encontrar meus gatinhos do campo ; com o frio que está fazendo, lá (chegou a 5º em uma madrugada)  eles estavam esquentando os muitos cobertores, aguardando minha chegada.  

  

Caramelo, como um pequeno Buda, deita em meu colo quando vou dormir e fica ronronando e fechando seu olhinhos, dando beijinhos felinos. Mas , em geral, só na primeira noite, que é para matar saudades...

Não pude me deter nas cosias que mais gosto de fazer por lá, sequer passear na floresta. A maior parte do tempo foi gasta com continuações de arrumações, como tirar de caixas as muitas almofadas que trouxe da  casa de mamãe (apenas para não mofarem , nem tive tempo ainda de arrumá-las ).


E o  marceneiro Seu Vinicius - auxiliado pelo eficiente Alex - trocou de dia várias vezes, para entregar a cristaleira e fazer os consertinhos previstos nos móveis antigos  ; num das tentativas um vidro quebrou e teve de ser reposto ..

Afinal, o móvel foi entregue e os reparos foram feitos. Mas como foi no dia em que eu precisava voltar pro Rio, apenas coloquei algumas caixas dentro - para balancear a instável estrutura - e não pude ainda deixar a cristaleira 'preenchida' . Mas acho que ficou bem localizada e harmônica com o ambiente e a amplidão da passagem entre as duas salas que sempre me agradou muito


Nos intervalinhos ainda fui verificar o estado dos pastos - Moisés dividiu bem a área total e agora uma delas já foi completamente utilizada para alimentar nossas seis cabecinhas; elas serão transferidas para a área adjacente enquanto o capim cresce no pasto de novo  ... como tudo acontece rápido na Natureza! ...


Tivemos ainda  a invasão noturna de um gambá (que lamentavelmente falhei em documentar por imagens) na cozinha - Moisés o segurou pelo rabinho e devolveu ao mato ; e a abundante safra de frutas  cítricas de que trato em outra postagem.  

 
 No final de cada atarefado dia eu ia passear no meu jardim na serra.... pelas veredas que rodeiam meu antiquíssimo pé de camélias vermelhas, junto ao portão , que nos velhos tempos assinalava que os proprietários daquela terra eram abolicionistas...  

Em sequência, a bela folhagem  que morre após o brotar esfuziante de seu pendão. as flores da ameixeira, uma das flores rosadas que as abelhas adoram de uma  árvore trazida da floresta e que havia morrido e que foi replantada há poucos anos no jardim...



Antes de eu ir embora na 3ª feira, registro um bonito efeito do sol, criando sombras alongadas e elegantes na mesinha do café da manhã frugal - observe-se a nova cafeteira com flor azul que o Moisés me deu de presente - e , depois, tive  de - coração cada vez mais partido neste momento -  pegar a estrada de volta ao Rio...  




    



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